São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Inflação obriga o governo a adiar a votação da MP

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende adiar até setembro ou outubro a votação no Congresso da MP (medida provisória) que acabou com a correção dos salários pela inflação.
O calendário foi discutido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), em uma reunião na noite de quinta-feira. A intenção do governo é ganhar tempo e esperar passar o efeito negativo da nova alta da inflação em julho.
``Vamos esperar até setembro ou outubro para ver como a medida funciona na prática", disse José Aníbal. Ele confia que as reações negativas -expressas em mais de 180 propostas de emendas à MP- diminuirão com o tempo.
Na conversa, FHC mostrou disposição de negociar mudanças no texto da MP, desde que não alterem a essência da proposta.
Para conter a pressão por reajustes automáticos às faixas salariais mais baixas, FHC reiterou o compromisso de conceder aumentos reais (acima da inflação) para o salário mínimo.
O governo não vai estabelecer previamente de quanto será o aumento real. O índice será definido a cada mês de maio -data-base do mínimo. A meta de FHC é chegar ao final do mandato com o mínimo valendo R$ 140.
``É uma ilusão querer proteger os baixos salários, porque isso trará de volta a indexação", resumiu José Aníbal depois do encontro com o presidente.
A negociação admitida por FHC tem limites claros, informou o líder do PSDB. O presidente concorda, por exemplo, em retirar da MP o dispositivo que manda descontar aumentos reais concedidos entre as datas-base.
FHC disse que a mudança parece lógica, segundo o relato de José Aníbal. O presidente também admite discutir a proibição feita à concessão de aumentos por produtividade não comprovados.
Mas insiste em limitar qualquer aumento que não possa ser suportado pelas empresas, principalmente pelas estatais. Em 94, a Eletropaulo teve prejuízo de US$ 700 milhões e deu ganho de 7%.

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