São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Esperança dividida entre duas camisas

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, porque hoje é sábado é dia de se jogar verde para colher maduro. É dia do desafio que vem da cor do mar, da cor das matas, os olhos verdes da mulatas, cismadores e fatais.
Na planície, no prado, na campina campeia o futuro campeão. Passatempo, duelo, porfia da esperança -a derradeira a suspirar. Sim, algo haverá de...
A palmeira que se erguerá hoje na campina é diferente da que se contemplava no desfiladeiro da primeira fase do Campeonato Paulista de 1995.
Insinua-se em palmas de pés já conhecidos: a entrada de Edílson, Nílson e Muller (mais a chegada de Cafu) colocam ramos já experientes para reviverem o viço do verde que estava amarelecendo.
(O Palmeiras esqueceu os jogadores ainda verdes. Prefere-os maduros.)
O Palmeiras recuperou o porte altaneiro das últimas estações. Vai para o ``greenpeace" (esperamos) de Campinas de novo como um cavalo de chegada.
O diabo é que o índio guarani adora trepar nas palmeiras pela estrada afora.
Tendo sido assim na memorália deste confronto entre o time que simboliza a vegetação e o time que simboliza o homem da mata, o negócio para o Palmeiras é não jogar verde.
É entrar para decidir ainda que, se faltar Mancuso, seria bom se mancar.

O machadiano Bentinho é uma bênção da providência para mestre Telê, hoje.
Para o São Paulo, o trunfo é o triunfo.

O Tietê não corre para o mar, mas a Lusa do beira-rio desce a serra para ver o crepúsculo de Cubatão. Tem baile funk na outrora vila mais famosa do mundo. Tem fado para mostra que a lusa é foda.
Santos e Portuguesa jogaram uma das melhores partidas do campeonato no Canindé. Adicionam neste jogo o aspecto agônico da vida e da morte.
As fabulações da fabulosa entram com as fantasias completas e o esquema solidário, comunitário, pleno de cidadania futebolística. Até agora, a mais completa lição tática do campeonato.
O Santos entra com a sua ópera prima, com o seu Pavarotti do Norte, com o seu Don Giovanni dos trópicos.
Como uma enchente amazônica, como uma explosão atlântica, ainda que sempre pareça tarde o seu despertar: Giovanni, o grande solista desta fase final do torneio bandeirante da bola.

A pizza mezzo florentina mezzo romana da equipe Argentina sai hoje do forno.
Com o homem-morcego nas telas da cidade, o Bat-Gol e seu amigo Balbo mostram o que os portenhos esperam da Copa Soy Loco Por Ti América.

Com o Roby Baggio, o wow Weah, o Savicevic, a felicidade será de novo a feliz cidade de Milão?

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