São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Jovens britânicos fazem saques e incêndios

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

A delegacia de polícia da cidade de Luton, ao norte de Londres, recebeu ontem reforço em seu efetivo policial para enfrentar uma possível terceira noite de violência no conjunto habitacional Marsh Farm.
Desde a noite de quarta-feira, a polícia e grupos de jovens têm entrado em conflito no local. Na madrugada de ontem, cerca de 500 jovens participaram do motim. Seis policiais ficaram feridos.
Na segunda noite de violência, três escolas foram alvo de ataques a bomba. Houve saques a lojas e a supermercados. Casas foram apedrejadas. Carros, incendiados. Dezesseis pessoas foram presas.
Os manifestantes -entre os quais, segundo testemunhas, havia crianças de cerca de 12 anos de idade- usaram garrafas de leite e latas de cerveja para fabricar bombas de gasolina.
Não houve um motivo claro para a explosão de violência. Há três anos, o local havia sido palco de motins. Cerca de 13 mil pessoas de baixa renda, muitas desempregadas, moram em Marsh Farm.
``Eu não sei dizer por quê tudo recomeçou esta noite", disse ontem o policial Des Lawless. Segundo uma das versões, os motins seriam uma resposta a recentes apreensões de drogas e de carros em situação irregular pela polícia.
Os moradores reclamaram da ação da polícia, que teria invadido casas à procura de provas de envolvimento no conflito.
O líder trabalhista na Câmara dos Vereadores de Luton, Roy David, culpou o governo: ``Não há fundos para ajudar os jovens do conjunto", disse. ``Muitos estão sem trabalho e não têm nenhuma perspectiva de arrumar um."
O deputado do Partido Conservador para o distrito de Luton, John Carlisle, esteve ontem no local e afirmou que não há motivos plausíveis para a violência.
``Existe uma alta taxa de desemprego, mas ela não é maior do que em outras áreas da cidade", afirmou. Carlisle acusou pessoas de fora do conjunto de promoverem os conflitos.
Um jovem morador, que se identificou como Rashid, disse: ``O que nós podemos esperar do futuro? Nada, absolutamente nada. Não temos trabalho, nem dinheiro, nem carro, nem divertimento".
``Enfrentar a polícia é a única maneira de conseguirmos um pouco de emoção", afirmou Rashid.

Com agências internacionais

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