São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Indústria vive período ruim

GEORGE ALONSO
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVO HAMBURGO

O indústria de sapatos do país está em crise, golpeada pela desvalorização do dólar e pela alta competitividade do produto chinês. Resultado: 164 mil desempregados -44 mil só no emprego direto das fábricas.
O produto nacional é, em geral, considerado bom, mas caro. O preço médio do sapato brasileiro varia hoje de US$ 8,97 a US$ 14. O calçado chinês fica em torno de US$ 4 (veja quadro abaixo).
Na avaliação do empresariado, a política cambial ``distorcida", imposta pelo governo FHC, prejudica quem exporta. Juros elevados, ausência de crédito e consumo reprimido pioram as coisas.
``Se o dólar valesse mais, nossa competitividade seria maior", diz Heitor Klein, diretor da Abicalçados.
Para ele, o câmbio ideal seria US$ 1 valer R$ 1,05.
``Se o nosso produto fosse ruim, não teríamos sido, até 1993, o segundo maior exportador mundial e o terceiro maior produtor", diz.
A questão chinesa é mais complicada. Klein reconhece que o produto asiático é bom, barato e entra fortemente no país, mesmo depois que a alíquota de importação subiu de 20% para até 63%.
Neste ano, as importações da China devem chegar a US$ 550 milhões, contra US$ 258 milhões em 1994.
``Na China, a mão-de-obra é farta, barata, e a carga tributária é menor. Nas zonas econômicas especiais, empresas estrangeiras, em parceria com o Estado, vivem só para exportar", diz.
Nas fábricas chinesas, ele viu muitos jovens de 18 anos. ``Mas não vi trabalho infantil", reconhece.
As exportações brasileiras, que, em 1993, foram de US$ 2 bilhões, devem cair para US$ 1,2 bi agora.
(GA)

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