São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Escambo já ronda o Vale dos Sinos

Quebradeira faz sapato virar moeda

GEORGE ALONSO
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVO HAMBURGO

O escambo ronda o Vale dos Sinos. A moeda corrente de empresas de calçados em dificuldades financeiras não é mais só dinheiro. São sapatos e, às vezes, até máquinas.
Funcionários de Novo Hamburgo estão sendo pagos com calçados. O sistema funciona também para indústrias falidas.
Nilson Rodrigues, 25, aceitou da empresa Navajo R$ 280 em sapatos. Recebeu 17 pares.
``Vendi 16 no bairro. De muitos, ainda não recebi o pagamento", diz. O desemprego atinge os vizinhos. Da empresa, espera ainda outros R$ 800.
A Navajo tinha 250 funcionários. Fechou há dois meses, e 500 pares foram distribuídos.
``Essa prática existe, mas é exceção. Há empresas sem dinheiro para pagar a dispensa dos funcionários", diz Heitor Klein, diretor da Abicalçados.
Há casos de jovens que viraram herdeiros das falências.
Daniel Vieira, João de Souza, Leoni Werner, todos com 16 anos, e Celemar Ferreira, 17, são 4 de 93 empregados da Calçados Laysa que herdaram, por ordem judicial, 53 máquinas (com a crise, subavaliadas em R$ 93 mil).
Contra a fome, que já atinge 200 famílias de desempregados, o Sindicato dos Sapateiros incentiva a criação de oito cooperativas em 1995 com as máquinas de fábricas falidas.
(GA)

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