São Paulo, domingo, 9 de julho de 1995
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Juninho e Sávio dão ajuste ideal ao ataque

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Na vinda para a fronteira, paramos no aeroporto de Porto Alegre. Quando recebo a notícia enviesada de que o vôo para Rivera sofrera um atraso de duas horas e meia, o homem se apresenta: é o pai de Juninho, que está indo se encontrar com o garoto de ouro da seleção.
Conversa vai, conversa vem, seu Osvaldo, que bateu bola fina na várzea de São Paulo, nos ``tiempos viejos que no vuelven más", suspirou seu sonho secreto: ``O que eu queria mesmo era ver o Juninho jogando com esse menino Sávio no ataque da seleção. Já pensou?".
Já, seu Osvaldo, já pensei. Mais que isso: na sexta à noite, todos nós vimos os dois juntos. E sou capaz de apostar que Zagalo não só pensou, mas viu e decidiu: Juninho e Sávio têm de jogar juntos.
Não só porque são os jogadores mais habilidosos desse time, juntamente com Edmundo, que não conseguiu ainda repetir na seleção suas brilhantes atuações no Vasco e no Palmeiras.
Juninho e Sávio já se parecem irmãos à distância: franzinos, loirinhos, leves, lépidos e velozes, só diferem na preferência do pé que usam com mais frequência para desmoralizar seus adversários.
Juninho é destro, Sávio, canhoto, o que, no caso, antes de ser um desencontro é um ajuste perfeito, dando o equilíbrio indispensável ao ataque brasileiro.
Um vai para a direita; outro, para a esquerda; os dois se encontram na linha do gol. Aliás, houve um momento anteontem que, por pouco, isso não ocorreu.
Desencontro houve mesmo no meio-campo, embora Dunga prefira creditar as dificuldades que tivemos diante do frágil, mas dedicado, Equador de Maturana às omissões dos laterais nas saídas para o ataque. Tem certa razão nosso capitão, pois Jorginho foi inócuo pela direita, enquanto Roberto Carlos só se soltou após a entrada de Sávio.
Continuo achando, porém, que o problema maior está naquela zona ocupada exatamente por Dunga e Zinho. Dunga é uma âncora indispensável hoje ao time brasileiro. Mas, um pouco mais atrás, no desarme. Na criação, claudica. E Zinho, bem, Zinho é o Zinho, ponto.
O pior é que Zagallo teve nas mãos uma chance de ouro para começar a resolver esse caso, quando César Sampaio teve de sair machucado de campo.
As circunstâncias impunham a presença de Leonardo como segundo volante, mais avançado, com Dunga protegendo tudo lá atrás. Depois, era só testar Souza no lugar de Zinho, e, pronto, Zagallo estaria ingressando realmente no seu novo e admirável mundo, onde impera o futebol ofensivo que se insinuou na Inglaterra.
Mas, como dizia o velho malandro, devagar também é pressa. E até chegarmos à Copa do Mundo, Zagallo haverá de caminhar, ainda que lentamente, em direção à melhor montagem desse time.
Ou não?

O negócio de Túlio é o seguinte: ou faz gol ou sai do time. Não há meio termo nesse cruel jogo do artilheiro que é apenas artilheiro.

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