São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Banguela sai da gravadora Warner com moral altíssima

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

É (quase) oficial: o Banguela se separou da Warner. O selo dos Titãs não tem mais nenhuma ligação com a gravadora dos Titãs. Aparentemente, a razão é a habitual: grana.
O Banguela, para quem passou o último ano em Marte e não no Brasil, virou de ponta-cabeça a cena musical nacional. Aliás, praticamente ressuscitou o rock brasileiro.
Trabalhando com produções e clipes de baixos orçamentos e apostando na diversidade (e na famosa ``atitude"), o selo conseguiu ótimos resultados.
O sucesso mais evidente é o caso dos Raimundos, uma banda genial, que merecidamente passou de cem lil cópias vendidas.
Mais os outros lançamentos do selo também ocuparam espaço na mídia e venderam direitinho. O Mundo Livre conseguiu um diferencial: o CD de estréia deles foi aclamado por Deus e todo mundo como o melhor disco de MPB em anos.
Se você quiser medir o impacto do Banguela, confira a lista das indicações do primeiro Video Music Awards Brasileiro.
Com apenas cinco lançamentos, o selo tem disparado o maior número de indicações para a grande festa do pop-rock brasileiro que a MTV promove em agosto. Em segundo lugar, bem lá atrás, está a Sony.
Repare que essas indicações não incluem os outros discos que estão saindo (Party Up, Psycho Drops, Graforréia Xilarmônica, a coletânea caipira ``Pircorococor" e a gaúcha ``Segunda Sem Lei" etc.).
E chega de encher a bola do Banguela, que faço isso desde antes de ele existir e agora não é amis necessário. O currículo do selo fala por si. Quando os
Raimundos foram renovar seu contrato eles assinaram não com o Banguela, e sim com a Warner. Quando isso aconteceu, o comentário ``na rua" é que a Warner tinha deixado o Banguela órfão, sem seu grande sucesso.
Como se a única banda do Banguela fossem os Raimundos. E como se os Raimundos não tivessem sido descobertos, produzidos, assessorados e marketados pelo Banguela.
Outras pessoas acharam que era um rearranjo doméstico, que Banguela e Warner era tudo a mesma coisa.
É que muita gente não sabe que o Banguela é de propriedade integral de sete Titãs; o contrato com a Warner era de prensagem, distribuição etc. No final da história, o Banguela ficava com (dizem, é segredo de estado) 5% do bolo final.
Por razões que fogem à minha compreensão, a Warner deixou o Banguela escapar. Praticamente voltou ao patamar estava há dois anos atrás, no segmento pop brasileiro.
A explicação oficiosa para o divórcio entre Warner e Banguela é, para variar, grana. O Banguela queria uma porgentagem maior. A Warner está passando por uma revolução profunda. Virou duas gravadoras, a WEA Music e a Continental, ambas atuando praticamente nos mesmos segmentos, mas com estruturas separadas.
Sabe-se lá se a Warner não planeja criar seus próprios ``Banguelas", sub-selos ligados a duas empresas. Sabe-se lá seus planos para este mercado jovem.
Mesmo assim, se eu tivesse o Banguela na minha empresa, eu não deixava escapar.
Tudo bem. Para o consumidor final, não faz grande diferença. E, seja quem for a gravadora que feche esse acordo com o Banguela, está fazendo um ótimo negócio.
Minha aposta: Polygram.

Texto Anterior: Ela odeia drogas e ama fazer compras
Próximo Texto: Festival de rock promove shows com 21 bandas até o final do mês
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.