São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995
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Diálogo é muito importante

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucas pessoas enfrentam tão bem a presença do HIV na família como o carioca Daniel Carvalho de Souza, 29.
Filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, coordenador da Campanha contra a Fome, ele convive com a doença do pai desde quando tinha 15 anos.
Daniel ficou sabendo do resultado do teste que confirmou a presença do vírus no organismo de Betinho pelo telefone.
``Não fiquei pior por causa da atitude de papai, a forma como ele me contou: `Ah, é mais um problema'. Se ele me contasse chorando, certamente eu ficaria bem pior", diz Daniel.
Ele salienta que o pai fala da doença como se fosse uma gripe. ``Isso faz com que você encare o problema de forma mais positiva. Se ele não está deprimido, porque eu vou ficar."
Cristiane, 14, também procura encarar o fato de sua mãe ser portadora do HIV da maneira mais positiva possível.
``A morte existe, a Aids é gravíssima, mas a gente tem que enfrentar a realidade. Vou dar força para minha mãe até o último minuto. Vivo falando para ela: Mãe você vai conseguir, vai pegar essa cura", diz.
Nem sempre é assim. Alguns filhos evitam conversar sobre a doença com os pais. É o caso do filho de 17 anos de Neide, 34, portadora do HIV. Eles já conversaram muito sobre o assunto, mas agora ele optou pelo silêncio.
``O silêncio dele me incomoda muito. Eu também tenho necessidade de saber o que ele acha e de falar", diz Neide.
Cristiane concorda e ensina: ``Os filhos devem dar força para os pais. Não podem discriminar de jeito nenhum. Porque a pessoa sofre muito quando é discriminada. Tem que dar muito amor".
(CA)

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