São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995 |
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França ataca navio do Greenpeace
VINÍCIUS TORRES FREIRE
O navio havia invadido às 5h de ontem (12h de ontem em Brasília) o limite de 12 milhas (22 km) das águas territoriais francesas. O objetivo da ação do Greenpeace era protestar contra os testes nucleares que serão realizados a partir de setembro no atol, anunciados pelo presidente da França, Jacques Chirac. O programa de testes nucleares francês tinha sido suspenso em 1992 pelo ex-presidente François Mitterrand, depois de protestos do Greenpeace. A marinha francesa usou gás, helicópteros, três barcos de guerra e 150 fuzileiros navais na operação, que começou às 13h40 (hora de Brasília). A invasão foi narrada ao vivo, por telefone, na TV francesa, pelo militante Jean-Luc Thierry. "Trancamos as cabines e janelas. Eles estão vindo, com máscaras negras, estão jogando bombas de gás, não dá para respirar", disse, momentos antes do corte das comunicações com o navio. "Foi um encontro de Davi e Golias", disse à Folha Remy Parmentier, presidente do Greenpeace francês. Parmentier disse que houve feridos e cerca de 30 prisões. O governo francês nega a violência, mas não fornece mais informações sobre o incidente. "Eles sempre mentem e não têm respeito pela opinião pública internacional", disse Parmentier. Na quinta-feira, o governo francês da Polinésia havia comunicado ao "Rainbow Warrior 2º" que o navio seria cercado e sua tripulação presa e processada se o mar territorial francês fosse invadido. O "Rainbow Warrior 2º" estava acompanhado do Bifrost, barco de ambientalistas dinamarqueses (réplica de um barco viking), e do veleiro Vega, também do Greenpeace. Não se sabe se os outros barcos também foram abordados. Há dez anos, o ``Rainbow Warrior" original foi atacado por agentes franceses na Nova Zelândia. O navio afundou e o fotógrafo holandês de origem portuguesa Fernando Pereira morreu. Hoje,o Greenpeace pretende realizar manifestações em várias cidades do mundo para lembrar o aniversário do ataque francês ao navio original ``Rainbow Warrior". ``A ação do `Rainbow Warrior 2º' é o melhor modo de homenagear o fotógrafo morto", disse o presidente do Greenpeace francês. A França faz testes nucleares em Mururoa desde 1966. O atol é inabitado desde 1906. Peru, Equador, Chile, Nova Zelândia, Austrália e Japão, países que poderiam ser afetados pelos efeitos da bomba, pediram em 1973 que a Corte Internacional de Haia proibisse a França de realizar os testes. A França diz que não reconhece a posição da Corte de Haia em assuntos de defesa nacional. Texto Anterior: Egito diz ter provas contra Sudão por crime; Turista sequestrado foge na Caxemira; Papa publica hoje carta às mulheres Próximo Texto: Sérvios fazem 30 soldados da ONU na Bósnia reféns Índice |
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