São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 1995 |
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Migração parlamentar A prática da troca de partidos tem-se repetido durante os mandatos de deputados e senadores, especialmente a cada início ou fim de governo, ao sabor de conveniências circunstanciais. Mesmo o PSDB, que, antes da ascensão ao Executivo federal e de vários Estados, orgulhava-se de ter uma filiação doutrinária mais nítida, vê-se agora, com a migração de parlamentares, assediado pela ameaça de um inchaço oportunista. Eis os números da volubilidade parlamentar: nas bancadas federais, decorridos apenas 9 meses da eleição, 34 deputados e 6 senadores já abandonaram seus partidos, e nenhuma dessas baixas atinge PSDB e PFL, principais legendas da bancada governista. Nos Estados, a situação não é diferente. A indefinição programática da maioria das agremiações parece facilitar as manifestações cíclicas de infidelidade partidária e atua estrategicamente como elemento facilitador de acordos que contemplam apenas interesses particularistas. Ora, a definição clara do programa e do matiz ideológico de uma associação política é o que justifica sua existência. Sem uma clarificação das intenções que irão nortear suas práticas parlamentares, não há como o eleitor diferenciar uma agremiação de outra. Essa indiferenciação, por sua vez, acaba por descaracterizar a própria razão de existir dos partidos. Daí à errônea e perigosa constatação da inutilidade da representação política, um passo muito curto bastaria. Por isso, a discussão de reformas políticas, voltadas, entre outros itens, para o fortalecimento da fidelidade partidária, interessa antes de tudo à sobrevivência da pluralidade -essência da democracia- e à inibição de práticas irresponsáveis no sistema político nacional. Texto Anterior: Cultura do desperdício Próximo Texto: O sucesso do Maluf Índice |
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