São Paulo, terça-feira, 11 de julho de 1995 |
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Estado pode perder controle do Banespa
CARLOS MAGNO DE NARDI; SILVANA QUAGLIO
Ontem, os deputados federais do PSDB de São Paulo deram aval à proposta do governador Mário Covas. Numa primeira fase, o Estado mantém metade (50%) mais uma das ações com direito a voto. Esta fase duraria um ano até que o banco estivesse saneado. Depois deste período, o governo venderia 20% destas ações, dando prioridade para compra aos funcionários. O saneamento do banco passa por conseguir R$ 6 bilhões em empréstimos externos de longo prazo, que seriam avalizados, segundo a proposta de Covas, pelo governo federal. Esta parcela de R$ 6 bilhões corresponde a praticamente metade da dívida que o Estado tem com o Banespa. O restante da dívida, cerca de R$ 6,5 bilhões, seriam pagos pelo próprio governo estadual, num cronograma que está sendo negociado com o BC (Banco Central). O Banespa está sob intervenção do BC desde 30 de dezembro do ano passado, quando a situação de insolvência do banco chegou a um limite considerado crítico. O Estado tem 66,7% das ações com direito a voto. A proposta do governador Covas prevê a venda de 16,7% destas ações -com prioridade de compra para os funcionários. O governo manteria, portanto, o controle acionário. Na segunda etapa, que pode começar em julho de 96, o Estado venderia mais 20% de suas ações, diminuindo sua participação para 30%. Os funcionários do banco, que têm atualmente 13,9% das ações, elevariam sua participação para 20%, já que teriam opção preferencial para compra. A compra das ações pelos funcionários, segundo a proposta de Covas, seria feita por intermédio da Cabesp (Caixa Beneficiente dos Funcionários do Banespa). Com 30% das ações com direito a voto, o governo perderia o controle acionário, mas continuaria sendo acionanista majoritário. A composição da diretoria não seria determinada pelo governo, mas sairia de uma negociação com os funcionários, que passariam a ter uma participação acionária na instituição mais representativa. Neste modelo, segundo a proposta do governador Covas, o Estado ficaria com quatro postos no conselho administrativo, a Cabesp com dois e as outros quatro com a iniciativa privada. A proposta está sendo negociada pelo governador com sua base de apoio político. Do lado do governo federal, o presidente Fernando Henrique Cardoso já teria dado sinal verde para o equacionamento da dívida do governo, principal entrave para a implementação de qualquer programa de reestruturação do banco e de sua composição acionária. A proposta foi explicada aos deputados pelo ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Ary Oswaldo de Mattos Filho, um dos formuladores. Parte da proposta é bem aceita pelo representante dos funcionários na diretoria do Banespa, Oliver Simioni, e pelo sindicato dos bancários de São Paulo. Texto Anterior: Metalúrgicos dizem que VW propõe gatilho Próximo Texto: TCU pede solução rápida Índice |
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