São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Polícia Federal apura tráfico de mulheres na PB

ADELSON BARBOSA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

A PF (Polícia Federal) da Paraíba instaurou ontem inquérito para investigar denúncias de tráfico de mulheres para a Espanha.
Segundo o superintendente da PF na Paraíba, Antonio de Moura, pelo menos três mulheres foram levadas para a Espanha, no mês de maio, com a promessa de emprego e altos salários.
A PF apurou que elas estão em uma boate na cidade de Orense (350 km de Madri). Ao chegar lá, foram informadas que deviam entre US$ 5.000 e US$ 8.000 aos donos da boate e tiveram os passaportes retidos. A dívida, segundo a PF, era referente a gastos com passagens e documentos.
O inquérito foi aberto com base em informações obtidas por um agente junto aos parentes das mulheres que estão na Espanha.
Tudo que ele apurou foi repassado ao delegado Francisco Monte Carlo Lima Maia, que está presidindo o inquérito. Moura disse que vai acionar o Ministério das Relações Exteriores e pedir que verifique em que condições as três brasileiras estão vivendo.
Maia tem em seu poder cartas que foram enviadas por M.D.S., A.P.S e E.M.S. para suas famílias. A PF prefere identificá-las apenas pelas iniciais dos nomes para não atrapalhar a investigação.
``Estou pagando todos os meus pecados. Estou ao ponto de fazer uma besteira. Pelo amor de Deus, nos ajudem a sair daqui", escreveu M.D.S.
Ela disse que ganha entre US$ 35 a US$ 40 por dia, mas paga todas as despesas com alimentação, hospedagem e roupa. Ao final do dia, ainda fica devendo US$ 10 aos donos da boate.
Na carta, ela diz que o local onde está é uma espécie de sítio, rodeado de montanhas.
Afirmou ainda que, no local, há muitas mulheres e que todas trabalham apenas de calcinha e sutiã, com os rostos pintados. Elas estariam se alimentando apenas com carne e batata frita.
A PF informou que, em João Pessoa, os parentes das três mulheres receberam ameaças por telefone, para que não procurassem a polícia. Maia diz que irá usar as cartas como provas no inquérito.

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