São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995 |
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Não magoe o pobre do gerente do banco
BARBARA GANCIA
Confesso, porém, que na última visita ao banco meu queixo ameaçou rolar pelo paviflex. Que fim levou a caderneta de poupança? Se mandou para Tegucigalpa? Será possível que, hoje em dia, aplicação, só de silicone? É normal esse negócio de a expressão ``inadimplência" estar sendo mais usada neste inverno do que a palavra ``frio"? Pobrezinha da gerente do meu banco -essa santa pessoa que só falta me dar banhinho, passar talquinho e me ninar até eu dormir. Na mesa dela não cabe mais nem um clipe. O espaço foi todo tomado por contratos de renegociação de dívida. Bufunfa embelezou o Bill Gates e o gerente tapuia, tadinho, olhou no espelho e viu o armagedon. Só porque ele lida com o vil metal e já devolveu seus cheques, ó leitor ignaro, não quer dizer que seja um andróide, um replicante como esses economistas que andam por aí inventando novos eufemismos para a palavra ``recessão". Gerente é gente. É por esse motivo que hoje tomo a iniciativa de lançar a campanha ``Não magoe o gerente do banco". Sem fins lucrativos, a campanha funciona assim: você quer fazer um DOC? Pois não peça ao gerente. Dirija-se ao balcão. Acabou o talão de cheque? Não aborreça o gerente. Vire-se. Bater boca com o miserável, então, nem pensar. Tenha compaixão. Saiba que, por culpa desse estica e puxa chamado Plano Real, todos os gerentes do país estão com os nervos à flor da pele. Os últimos meses têm sido os piores de suas carreiras. A Dorothea pode estar achando a maior graça, mas mais um mês feito o de julho e o Juqueri só vai ter ex-gerente de banco como interno. Texto Anterior: AM tem cidade com 84% de analfabetos Próximo Texto: Capitalização; Querubins; Cobrança Índice |
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