São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
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Inadimplência leva empresas a dar abonos

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Abonos salariais e negociação direta com os funcionários, além de empréstimos sem juros, são as estratégias das empresas para resolver o problema de empregados inadimplentes.
Expedito Lopes Feitosa, do Sindicato dos Químicos do ABC paulista, diz que a Unipar chegou a cobrir todos os débitos dos cheques especiais dos funcionários.
Na Unipar, a informação é de que a empresa negocia os problemas de crédito diretamente com cada funcionário, e que não cobra juros dos empréstimos.
``As negociações das dívidas dos funcionários estão generalizadas", diz Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Segundo ele, diversas empresas têm agências bancárias em seu interior e acabam sabendo da inadimplência dos funcionários.
``Na maioria dos casos, as empresas negociam individualmente com os funcionários e acabam dando empréstimos ou abonos para a quitação das dívidas", afirma.
Como exemplo, ele diz que a Sofunge, do grupo Mercebes-Benz, está descontando em parcelas mensais empréstimos feito aos funcionários.
Heiguiberto Guiba Navarro, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, diz que os funcionários estão pleiteando o abono junto com a negociação por participação no lucro das empresas.

Reajustes de salários
Claudemir Tonezetti Chimato, diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Química de São Paulo, diz que os abonos visam diminuir as reivindicações salariais dos trabalhadores.
``A empresa percebe o descontentamento do funcionário na fábrica e planeja o abono ou o empréstimo", diz Chimato.
Nos químicos do ABC, Feitosa diz que os empréstimos são formas de ``jogar água quente na fogueira" das reivindicações salariais. Para ele, as empresas deveriam conceder aumentos e a participação do empregado no lucro.
Para as empresas, empréstimos e abonos objetivam brecar a intranquilidade do trabalhador.
``Preocupado com as dívidas, os trabalhadores podem acabar reduzindo a sua produtividade e há sempre o risco de acidentes", diz Farid Chedid, gerente-geral de Recursos Humanos da Rhodia.
Na Basf, Paulo Bassique, diretor de Recursos Humanos, conta que além dos empréstimos a empresa está dando antecipações salariais.

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