São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 1995
Texto Anterior | Índice

Obra de Fellini é revista em CD-ROM

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Meço com a mão os livros que tenho sobre o cineasta Federico Fellini (1920-1994): quase dois palmos.
Suponho que estarei economizando um baita espaço na estante e, possivelmente, tempo de consulta -com um CD-ROM, que começa a ser vendido entre nós por R$ 83,10, quando nada porque seu título original, em italiano, é " Tutto Fellini".
Ledo engano. "Tutto Fellini" (ou "Fellini in CD-ROM", na versão americana aqui comercializada) ainda não substitui a minha Felliniana.
Primeiro, porque a remissão nos livros sobre o cineasta editados nos EUA e na Inglaterra é mais abrangente.
O acesso às informações contida nos livros também é mais rápido, já que, para obtê-las, não preciso ligar o computador.
Algo, porém, os livros impressos não oferecem: som e imagens em movimento.
Por isso, muitos irão comprar "Fellini in CD-ROM" na esperança de ouvir as vozes de Fellini, Mastroianni e tutti quanti, rever cenas de cada um dos seus filmes e extasiar-se com as maravilhosas trilhas de Nino Rota.
Como diziam os italianos de antigamente, "caveat emptor". Cuidado, freguês.
Frustrações
O CD é uma delícia, produzido com extrema competência, mas deixa bastante a desejar em matéria de som e ação.
Em nenhum momento temos a voz do cineasta ou de qualquer artista a ele ligado, poucos segundos duram as músicas de Rota, e os clipes dos filmes pecam pela baixa definição de suas imagens e pela exiguidade com que elas aparecem na tela.
Outra frustração: os três comerciais que Fellini dirigiu para a televisão são apenas listados. Não dá para entender por que não foram reproduzidos na íntegra.
Com material selecionado pelo crítico do "L’Osservatore Romano", Sérgio Trasatti, "Tutto Fellini", tem, portanto, muito mais texto do que imagens. São bons os textos, a maioria extraída da imprensa italiana.
Particularmente interessantes me pareceram as reminiscências de alguns críticos que privaram da intimidade do cineasta, as observações sobre o relacionamento de Fellini com Rota, feitas por Nicola Piovani, as lembranças de Alberto Sordi do casamento de Fellini com Giulietta Massina, em 1943, e as reflexões de Fellini sobre a luz no cinema.
Um dicionário com 74 tópicos (filmes, circo, mulheres, cineastas, Rimini, neo-realismo, política, TV, psicanálise, sexo, etc. ) sintetiza o pensamento de Fellini, que, aliás, era bem mais lúcido do que às vezes dava a entender.

ONDE ENCONTRAR
LIVRARIA DA VILA: tel. (011) 814-5811

Texto Anterior: Apple traz impressora para espaço pequeno; Aparelho liga celular a micro para enviar fax; Plotter tem traço fino e alta resolução; Yanco anuncia novo mouse ergonômico; Monitor da TCE respeita ecologia; Kit vem com CD-ROM de dupla velocidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.