São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 1995
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Boris Ieltsin melhora e evita impeachment

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, hospitalizado há dois dias, conseguiu afastar a possibilidade de ser destituído do cargo. Os deputados negaram um pedido de impeachment contra ele.
O pedido, feito pelos comunistas da Duma (equivalente à Câmara dos Deputados), teve 168 votos. Eram necessários 226, ou seja, maioria simples dos 450 deputados, para que fosse criada uma comissão para apurar possíveis crimes praticados por Ieltsin.
Ieltsin, 64, teve outra boa notícia ontem: ele deve deixar o hospital na segunda-feira e os médicos estão otimistas com seu estado de saúde. Anteontem, ele sofreu uma isquemia cardíaca (falta de irrigação no coração). Desde então está na Clínica Central de Moscou.
Ieltsin se desgastou politicamente devido à intervenção militar na república autônoma da Tchetchênia, que causou milhares de mortes e já dura oito meses.
Foi por causa desta campanha que os deputados comunistas pediram o impeachment do presidente. Já é a segunda vez que a Duma se nega a abrir um processo que poderia levar à destituição de Ieltsin.
Ontem, ele despachou normalmente no hospital. Assinou documentos e recebeu políticos.
O Kremlin (sede do governo) informou que ele levou para o hospital os segredos que permitem o uso das armas nucleares russas.
O objetivo dos porta-vozes, ao divulgar a notícia, é mostrar que Ieltsin continua à frente do governo. Surgiram boatos, desmentidos pelo Kremlin, de que seu estado teria se agravado durante a noite.
A oposição a Ieltsin continuou tentando mostrar que o presidente não tem mais condições de exercer suas funções. O deputado comunista Viktor Iliukhin disse que o presidente "deveria limitar sua paixão pelas bebidas fortes".
Vários opositores aproveitaram a internação de Ieltsin para dizer que ele seria alcoólatra e não teria condições de governar.
Os próprios funcionários do governo chegam a dizer que a internação terá sérias consequências políticas. Um dos beneficiados seria o influente chefe da guarda do Kremlin, Alexander Korjakov.
No próximo ano, haverá eleições presidenciais. Estima-se que Ieltsin não tentará a reeleição. Neste caso, o premiê, Viktor Tchernomirdin, seria o favorito.
Tchernomirdin deu ontem declarações de apoio a Ieltsin. Ele se disse surpreso com os boatos sobre a saúde de Ieltsin.
"Como qualquer outro cidadão, o presidente também tem direito de ficar doente", afirmou. Em caso de impedimento do presidente, o primeiro-ministro assume o cargo interinamente.

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