São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chanceler francês acha crise bósnia 'inaceitável'

VINÍCIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

"A situação da Bósnia é inaceitável. As decisões da ONU têm de ser respeitadas", disse ontem o ministro francês das Relações Exteriores, Hervé de Charette.
O chanceler deu a declaração em entrevista coletiva concedida aos jornais associados à rede "World Media", da qual a Folha é o único órgão de imprensa brasileiro a fazer parte.
Segundo o ministro, a ONU não pode permitir de maneira alguma que o encrave muçulmano de Srebrenica fique nas mãos dos sérvios da Bósnia, sob a pena de "autorizar" todas as agressões contra os bósnios.
"É absolutamente inútil manter forças da ONU naquele país se elas não podem agir para cumprir sua função, a de manter os limites fixados internacionalmente para a posição das tropas em confronto", disse o ministro.
Charette ressaltou, no entanto, que qualquer ação na Bósnia depende de resolução do Conselho de Segurança da ONU. "Mas, como declarou o presidente Jacques Chirac, a França está pronta para utilizar todos os meios necessários para restabelecer a `área protegida' de Srebrenica, ou outras que venham ser violadas".
Para o governo francês, a situação na Bósnia deve ser resolvida de maneira diplomática, por meio de negociações, hoje conduzidas pelo mediador europeu Carl Bildt. Para a França, se o embargo de armas para o território bósnio for suspenso, as forças da ONU devem se retirar da região.
Charette observou também que a situação na Bósnia é de difícil compreensão. "É um tanto estranho, muito esquisito, que uma cidade bósnia de quase 40 mil habitantes (Srebrenica) tenha caído quase sem resistência".

Testes nucleares
Sobre os testes nucleares que a França pretende realizar a partir de setembro no atol de Mururoa (Polinésia Francesa, oceano Pacífico), Charette disse que a "iniciativa vai conduzir à assinatura do tratado que os bane definitivamente".
Na opinião de Charette, "todos os que querem o fim dos testes nucleares sabem que a atitude da França vai colaborar para que se chegue a esse objetivo".
"Precisamos saber em que estado estão as armas antes de parar com os testes."
Em reportagem publicada esta semana, o jornal francês "Libération" afirma que o governo pretende fazer mais testes que os previstos (oito, entre setembro deste ano e maio de 1996) antes de assinar o acordo.
Segundo o jornal, a França negocia com as demais potências nucleares uma cláusula com o objetivo de permitir testes de bombas 85 menos potentes que aquela que destruiu Hiroshima em 1945.
O "Libération" diz que os outros países do clube (EUA, Rússia, Reino Unido, China) estariam dispostos a aceitar a proposta. Charette considera a reportagem "mentirosa".

Texto Anterior: Navio do Greenpeace vai ao Taiti para protesto
Próximo Texto: Deputados aprovam revisão constitucional
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.