São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995
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PFL pressiona por ministro da privatização

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL está descontente com o ritmo do programa de privatizações do governo. O partido entregará ao presidente Fernando Henrique Cardoso um documento cobrando pressa na venda de estatais. Jorge Bornhausen, presidente do PFL, defende a nomeação de um ministro extraordinário para a privatização.
Na opinião de Bornhausen, o plano de desestatização deve ser retirado das mãos do ministro do Planejamento, José Serra.
``O Serra tem muitas virtudes, mas também tem muitas atribuições", diz Bornhausen. ``A privatização merece dedicação exclusiva".
Os integrantes da cúpula do PFL vinham discutindo o tema, sob reserva, há várias semanas. Os diálogos são recheados de críticas à atuação de José Serra.
Diz-se que o ministro do Planejamento não tem se dedicado à privatização com a atenção que o tema requer.
Afirma-se, por exemplo, que o governo anunciou há mais de dois meses a venda de várias empresas do setor elétrico (Eletrosul, Eletronorte, Chesf e Furnas), mas até agora não divulgou edital de licitação para contratar a firma que se incumbirá de formular os processos de venda.
A tese da aceleração das privatizações conta com o apoio dos principais caciques pefelistas, entre eles o presidente da Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (BA), e seu pai, senador Antônio Carlos Magalhães.
A Folha perguntou a Serra, há duas semanas, por que o governo não havia realizado nenhum leilão de privatização no primeiro semestre. O ministro respondeu: ``Para não desrespeitar a lei".
Bornhausen tem em mãos um esboço do documento que será levado a Fernando Henrique. O PFL rejeita a alegação de que a Lei de Privatizações impõe um ritmo lento à venda de estatais. O partido argumenta que, se a lei é um entrave, deve ser modificada.
Bornhausen chega mesmo a defender que eventuais mudanças na legislação sejam feitas por intermédio de medida provisória. ``A importância do assunto justifica o uso da medida provisória."
Antes de ser levado a FHC, o documento deve ser submetido ao Diretório Nacional do PFL, que se reunirá no dia 3 de agosto.
Bornhausen diz que a atitude do partido deve ser interpretada não como uma crítica, mas como uma sugestão. ``Somos parceiros do governo. E, como parceiros, temos a obrigação de oferecer sugestões", afirma.
O partido cobrará também pressa na implementação da Lei de Concessões de serviços públicos, o que permitiria investimentos privados em infra-estrutura.

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