São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Aeronáutica quer alugar base de foguetes
WILLIAM FRANÇA
A proposta é constituir uma empresa mista com participação minoritária da Aeronáutica para investir cerca de US$ 200 milhões na área. Localizada junto à linha do Equador e considerada um dos melhores pontos para lançamentos espaciais do mundo, a Base de Alcântara tem despertado interesse de vários países. O problema reside no fato de que a Aeronáutica afirma não ter os recursos para fazer a infra-estrutura necessária para grandes lançamentos. Há interesse de empresas americanas -como a OSC (Orbital Science Corporation), que há um ano lançou um satélite brasileiro num foguete Pégasus- e de européias, especialmente alemãs. Os russos já visitaram a área e querem também firmar contratos, segundo a Aeronáutica. O aluguel de área para o lançamento de um foguete pequeno, de aproximadamente 20 metros, é estimado em cerca de US$ 300 mil. Esse cálculo não inclui o valor do foguete e de sua carga. A Aeronáutica ainda está concluindo os estudos de como deve ser a empresa a explorar a base -o mais provável é que seja um consórcio de empresas privadas. ``Têm que ser empresas de grande porte com vocação para o assunto", disse à Folha o tenente-brigadeiro Sérgio Ferolla, diretor do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento do Ministério da Aeronáutica. A idéia de tirar do papel a terceirização de Alcântara nasceu há pouco mais de um mês, diante do grande interesse russo. ``Além disso, sendo somente governo não existe a flexibilidade para firmar contratos. Tudo é muito moroso", disse Ferolla. ``Ainda não tivemos tempo de estabelecer qual deve ser a estrutura da empresa e não concluímos o plano diretor de ocupação do terreno. Só sabemos que a Aeronáutica deve ter assento no conselho diretor para orientar os trabalhos", explicou. Pela proposta que está sendo traçada, caberá à Aeronáutica o sistema de segurança, que envolve o complexo de radares da Barreira do Inferno, em Natal, o controle do ar e do mar e o sistema de telemetria (transmissão de dados via satélite). Às empresas privadas caberiam as chamadas ``atividades periféricas", como exploração do porto -onde chegariam as peças a serem lançadas-, transporte de cargas, hotel, combustíveis e restaurantes. ``Hoje Alcântara é um aeroclube. Precisamos transformá-la num aeroporto internacional", afirma o brigadeiro. Os investimentos, segundo Ferolla, serão principalmente na área de infra-estrutura, como estradas, depósitos e redes de água e energia elétrica. Hoje apenas 10% dos 555 mil hectares (5,5 milhões de metros quadrados) têm estrutura para ocupação. Sérgio Ferolla garante que essa terceirização não traz qualquer risco à segurança nacional. ``É como num aeroporto mesmo. Vamos alugar a área e cobrar pelos serviços de lançamento, como se faz com pouso e decolagem de aviões", explica o brigadeiro. Texto Anterior: Articulação já tem um mês Próximo Texto: Marinha ameaça tomar barquinho da Câmara Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |