São Paulo, sábado, 15 de julho de 1995
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O torcedor cidadão

JUCA KFOURI

Estádios organizados por setores identificados com cores diferentes; cada setor abrigando no máximo dez mil pessoas, com acessos independentes e corredores internos que assegurem o livre trânsito dos torcedores; banheiros privativos; assentos numerados; espaço de 1% da capacidade de cada setor para os portadores de deficiência física, com acesso adequado; obrigatoriedade de monitoramento eletrônico automatizado do comportamento das estruturas nos grandes eventos, como aqueles que ocuparem 70% da capacidade dos estádios; instalação de equipamento que permita a imediata constatação de situações de emergência que possam gerar pânico, de maneira a propiciar a adoção de medidas para a rápida saída do público; brigadas para situações de emergência, rotas de fuga sinalizadas, postos médicos.
Calma, não é um sonho e nem estamos descrevendo os estádios americanos e europeus. Trata-se apenas dos termos de uma portaria que será assinada na semana que vem pelo secretário municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo, Lair Krahenbuhl, baseado em exaustivo trabalho do diretor do Contru, Carlos Alberto Venturelli, responsável pela interdição do Morumbi e do tobogã do Pacaembu.
A portaria obrigará que em 30 dias todos os estádios paulistanos enviem projetos de adaptação às exigências mencionadas -com o devido cronograma de execução das obras, as quais deverão estar prontas até, no máximo, no primeiro dia do ano 2000.
Parece até mesmo futurismo, mas não é. É apenas sinal de que tem gente pensando bem nesta cidade. A cartolagem não vai gostar, a evasão de rendas ficará mais difícil e o torcedor, enfim, será tratado como gente, como cidadão. A portaria responde ao que a Fifa determina em relação ao conforto e segurança do torcedor -além de ser uma medida contemporânea, tendo em vista que cada vez mais os estádios se transformarão em palcos para programas de TV, cobrando ingressos de quem pode pagar, mas exige contrapartida, e deixando em casa os vândalos organizados diante da telinha.
Há ainda o projeto de privatizar a administração do Pacaembu, boa solução seguida também no Rio de Janeiro em relação ao Maracanã.
Depois do cinto de segurança, desconfortável, mas civilizado, estádio com segurança, que, além de civilizado, é confortável. O prefeito Paulo Maluf corre o risco de ser aplaudido no Pacaembu.

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