São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Figueiredo diz que acusação é 'estupidez'

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente João Baptista Figueiredo, 77, classificou de ``estupidez" a declaração de que tenha articulado a candidatura Geisel com o objetivo de garantir sua posterior ascensão à Presidência.
``Quem conhece o Geisel sabe que ele nunca admitiria uma coisa dessas. Ele (Geisel) me escolheu para presidente porque quis. Eu não queria o cargo", afirmou.
A Folha tentou ouvir o ex-presidente Geisel, mas foi informada por seu amigo Humberto Barreto, que o auxiliou na Presidência, de que suas condições de saúde o impediriam de falar sobre o assunto. Geisel está sendo submetido a tratamento contra um câncer.
Figueiredo afirmou ter tido ``influência" na escolha de Geisel para sucessor de Médici, mas disse que a decisão foi do então presidente.
Segundo o ex-presidente, a candidatura Geisel começou a ser articulada em 1972 durante uma reunião em Brasília.
Segundo Figueiredo, além dele e de Médici, participaram da reunião: Geisel, Leitão de Abreu (então ministro-chefe da Casa Civil) e o general Carlos Alberto da Fontoura (chefe do SNI, o Serviço Nacional de Informações). Figueiredo negou todas as outras acusações feitas por Roberto Médici.
Disse que nunca garantiu ao então presidente Médici que Golbery não seria chamado para integrar um eventual governo Geisel. ``Quando perguntado, respondi: `Isso não sei, presidente'. "
Figueiredo disse também que sua permanência no governo foi solicitada por Médici a Geisel.
O ex-presidente declarou que Médici afastou oficiais acusados de envolvimento com maus-tratos de presos políticos.
Negou, porém, que a substituição do então ministro Márcio de Sousa e Melo estivesse relacionada a qualquer episódio semelhante. Segundo ele, Sousa e Melo perdeu o cargo porque ocupou o aeroporto de Congonhas (SP) sem autorização de Médici.
Figueiredo também negou que fosse o responsável por transmitir ao presidente informações relacionadas com maus-tratos de presos. Segundo ele, isso era competência do SNI. Afirmou ter pedido a Médici para não ser envolvido com questões relacionadas ao combate à guerrilha promovida por grupos de esquerda.

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