São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Privatização é peça central no ajuste

DA REPORTAGEM LOCAL

A privatização de empresas estatais é apontada por membros da equipe econômica e parlamentares de partidos que dão sustentação política ao governo Fernando Henrique Cardoso como medida fundamental para o equilíbrio das contas públicas.
Mas o governo de FHC começa a sofrer críticas de aliados que consideram que o programa de privatização está lento demais. Em pouco mais de seis meses de governo, FHC vendeu apenas uma estatal: a Escelsa -Espírito Santo Centrais Elétricas S/A.
O leilão, considerado um sucesso pelo governo, aconteceu na última terça-feira e rendeu R$ 357,92 milhões, sendo R$ 236,8 em dinheiro. Segundo o governo, esta foi a operação mais rentável desde o início do programa.
A privatização de empresas estatais começou no governo José Sarney (1985-90), com a venda de nove empresas sem grande expressão em seus setores de atividade. Desde o governo Sarney, 48 estatais foram vendidas.
O programa ganhou novo fôlego no governo Fernando Collor de Mello (1990-92), que em pouco mais de dois anos de governo vendeu 14 empresas, começando pela Usiminas.
Apesar de acelerado, o programa de privatização do governo Collor sofreu severas críticas pela grande quantidade de ``moedas podres" (papéis emitidos pelo governo) utilizadas pelos compradores para o pagamento.
O presidente Itamar Franco (1992-95), que sucedeu Collor depois do impeachment, determinou a reavaliação de várias empresas para aumentar a parte paga em dinheiro nos leilões. Ao final do seu governo havia vendido 24 empresas, entre elas outra mega-produtora de aço: a CSN -Companhia Siderúrgica Nacional.
No período de Collor e Itamar (1990-95), as vendas somaram cerca de US$ 7,3 bilhões, segundo levantamento do Iesp e da Fundap -órgãos do governo do Estado de São Paulo.
A maior parte dos recursos amealhados pelos dois governos, entretanto, não foi em dinheiro. Mesmo assim, os defensores da privatização alegam que o benefício da privatização não se limita ao dinheiro que a venda de estatais injeta nos cofres públicos, mas nos gastos com investimento que ela economiza ao governo.
Esta é a lógica que norteia a continuação das privatizações no governo FHC. Pelo cronograma já estabelecido serão vendidas outras 16 estatais, neste ano. A maioria delas -13 empresas- pertencem ao setor petroquímico.
Outras duas estatais são do setor ferroviário (Rede Ferroviária Federal e Armazéns Gerais Ferroviários); uma do setor bancário (Meridional) e mais uma do setor elétrico (Light Serviços de Eletricidade). Até o final do governo deverá ser vendida a Companhia Vale do Rio Doce.

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