São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995 |
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Padre polonês dirige centro para haitianos
ANDRÉA FORNES
Todos os domingos, celebra cinco missas na língua creole, porque, segundo ele, "a escola e a sociedade vão acabar ensinando inglês" a esses imigrantes. Durante a semana, padre Wenski coordena as atividades no Notre Dame d'Haiti, um complexo que abriga, além da igreja, salas de aula, creches e uma agência de empregos para os haitianos que vivem nessa cidade da Flórida. O Estado concentra atualmente 200 mil haitianos (dos cerca de 1 milhão que vivem em território americano), a maioria deles simpatizantes do presidente Jean-Bertrand Aristide. Há 15 anos reinando em Little Haiti, padre Wenski disse à Folha que a comunidade está vivendo um período de tranquilidade desde que Aristide reassumiu o poder em seu país com a ajuda do governo norte-americano. "Nada que se compare ao que passamos dez anos atrás, quando a situação política no Haiti estava muito tensa", referindo-se ao período Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier (1971-1986). "As pessoas costumavam entrar na minha sala com as calças ainda molhadas do barco em que haviam chegado", afirma. "Muitos deles já conseguiram comprar até casa nos Estados Unidos. Afinal, aqui é a América, onde há muitas oportunidades". Padre Wenski, 44 anos, costuma dizer que gostaria que os haitianos recebessem nos EUA o mesmo tratamento dado aos cubanos, que ele considera um grupo exemplar, por ser o mais bem-sucedido entre os imigrantes. "Mas tento mostrar a eles (haitianos) que a nossa comunidade acumula conquistas que poucos imigrantes conseguiram nesse país". Apesar de toda a orientação que oferece aos haitianos, o padre conta que, no dia seguinte à aprovação da proposição 187 na Califórnia, em novembro passado, houve uma queda de 50% na frequência das salas de aula em Notre Dame d'Haiti. "Eles não conseguiram entender ainda que uma medida aprovada na Califórnia não é válida para a Flórida". Sobre o movimento antiimigração que está despontando nos EUA, o padre Wenski diz: "Todas as vezes que me fazem essa pergunta, procuro argumentar que serão os imigrantes que preservarão a cultura desse país, porque são eles os que realmente acreditam no sonho americano". (AF) Texto Anterior: Ex-ministro da Somália busca emprego nos EUA Próximo Texto: Gente invisível Índice |
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