São Paulo, domingo, 16 de julho de 1995
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Mila Moreira é alvo de perguntas preconceituosas

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Os atores de ``A Próxima Vítima" sentem fora da trama a repercussão das situações vividas pelos Noronha.
Uma das situações foi o espanto -real e geral- provocado em uma boate de São Paulo pelo casal de personagens Sidney e Carla, ele negro, ela branca. ``É a cara do Brasil", diz Norton Nascimento, 33, que faz Sidney, um gerente de banco.
Mal Sidney e a dondoca Carla começaram seu romance, a atriz Mila Moreira, que faz a Carla, passou a enfrentar nas ruas o racismo velado, como o de pessoas perguntando se ela beijou mesmo um negro nas gravações ou se foi truque. ``A sociedade ainda é absolutamente preconceituosa com esse tipo de casal", diz.
Para o ator Antônio Pitanga, 56, que faz o pai, Cleber, o autor Silvio de Abreu conseguiu criar uma família negra sem construir personagens ``ETs" nem levantar a bandeira do racismo. ``Nunca vi isso em 36 anos de carreira."
A atriz Zezé Mota, 51, diz achar ótimo que também o racismo dos negros em relação a brancos seja mostrado, ainda que veladamente.
Como nas cenas em que sua personagem, Fátima, se inquieta ao saber que a filha, Patrícia (Camila Pitanga), namora um loiro de olhos azuis, Cláudio (Roberto Bataglin).
Uma questão racista que a atriz considera ``complexa e mais profunda": a de uma mãe preocupada em ver a filha, mais tarde, discriminada pela família do namorado.
Para Camila Pitanga, 18, o mais importante é que o público parece estar se identificando, antes de tudo, com os problemas de uma família qualquer -e não de uma família de negros.
O ator Norton Nascimento acredita que a sociedade brasileira -principalmente devido à influência dos jovens- está cada vez mais aberta.
``Os jovens têm uma cabeça bárbara. Esse conflito racial vem sendo superado de uns anos para cá", acredita.

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