São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Arsenal da Marinha explode no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Explosões e incêndios iniciados às 17h20 de ontem destruíram o Centro de Munição Almirante Antônio Maria de Carvalho, da Marinha, na ilha do Boqueirão, a cerca de 400 metros da Ilha do Governador, zona norte do Rio. O centro era o maior depósito de munição da Marinha no país.
Ouvidas em vários pontos da cidade, inclusive no centro, as explosões formaram um cogumelo de fumaça de centenas de metros de altura. As explosões e o incêndio continuavam às 23h30.
Os feridos na ilha do Boqueirão foram levados para dois hospitais militares: o da Força Aérea, na Ilha do Governador, e o Marcílio Dias, da Marinha, em Lins de Vasconcellos, zona norte do Rio.
Em nota oficial divulgada às 22h35, o comando do 1º Distrito Naval informou que ``só dois militares" haviam sofrido ``ferimentos leves", sendo encaminhados ao hospital da Força Aérea.
Um militar, que pediu para não ser identificado, afirmou, no Marcílio Dias, que haveria 20 feridos internados no hospital.
Segundo uma informação extra-oficial, entre 50 e 100 militares estariam na ilha do Boqueirão no momento do acidente. Parte deles estaria trabalhando em paióis que abrigam armas e munições.
Cerca de 60 moradores das proximidades da ilha do Boqueirão haviam sido atendidos, até as 21h30, no hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador.
Entre os atendidos havia feridos por estilhaços lançados pelas explosões e pessoas que se machucaram ao fugir das proximidades da ilha do Boqueirão.
A primeira explosão na ilha do Boqueirão lançou ao mar pelo menos 12 militares que auxiliavam a saída de embarcações do local.
A maioria dos militares foi resgatada pelo vereador José Moraes (PFL), sócio de iate clube na Ilha do Governador. Ele passava pelo local com sua embarcação e ouviu os pedidos de socorro.
``Eles gritavam e se agarravam uns aos outros, completamente traumatizados. Era uma guerra atômica. A 3 km do local, nossa lancha quase foi arrancada da água", disse Moraes. Três soldados teriam nadado até o clube.
No Iate Clube, os feridos foram atendidos pelo médico Rogério Lacê. Segundo o médico, eles sofreram ferimentos leves e estavam ``profundamente traumatizados".
Os feridos teriam sido encaminhados em seguida para o hospital da Força Aérea. A informação foi dada por bombeiros e voluntários que estavam no iate clube. O acesso dos jornalistas ao hospital da Aeronáutica não foi permitido.
Corpo de Bombeiros e Marinha colocaram em ação plano de atuação conjunta de resgate pelo mar.
Os resgatados foram levados em lanchas para instalações da Marinha nas proximidades da praça 15, no centro do Rio. De lá, foram encaminhados em veículos militares ou do Corpo de Bombeiros para o hospital Marcílio Dias.
Muitos foram retirados em helicópteros da ilha do Boqueirão. Desde as 18h que helicópteros das Forças Armadas e das polícias estaduais tentavam aproximar-se do local para resgatar feridos.
Os estilhaços das explosões impediam a aproximação dos bombeiros que tentavam chegar à ilha do Boqueirão por via marítima -não há ponte entre esta ilha e a do Governador. Um bombeiro afirmou que o deslocamento de ar gerado por uma das explosões fez com que ele fosse jogado ao solo.
A ilha do Boqueirão fica na extremidade norte da ilha do Governador, nas proximidades do bairro Bananal, do lado oposto ao do Aeroporto Internacional do Rio.
O almirante da reserva Victor Moraes, 62, ex-diretor de Armamentos e Comunicações da Marinha, disse que, em 88, quando passou para a reserva, o Centro de Munição era o principal depósito de munição para armas de tubo, como canhão, fuzil e bazuca. A Marinha disse que não havia mísseis ou torpedos na ilha.

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