São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Corretoras de valores fecham as portas

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O Conselho de Administração da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) deve convocar hoje uma assembléia de corretores para analisar a necessidade de adquirir mais títulos patrimoniais de corretoras.
Os títulos são os certificados da Bolsa que permitem que as corretoras possam operar no mercado acionário.
O presidente da Bovespa, Álvaro Augusto Vidigal, diz que a entidade já adquiriu este ano quatro títulos patrimoniais de corretoras por R$ 3,29 milhões cada (valor equivalente a um prédio com 33 apartamentos novos de um dormitório na zona sul de São Paulo).
A Bolsa paulista já comprou este ano os títulos patrimoniais das corretoras Digibanco, Lavra, Segmento e United.
O preço do título é calculado pela divisão do valor do patrimônio da Bolsa (ou seja, o que a entidade tem de bens e direitos a receber) pelas 86 corretoras existentes no mercado paulista. O valor muda todo mês com base nos balanços da entidade.
O presidente da Ancor (Associação Nacional das Corretoras), Homero Amaral Júnior, diz que o mercado acionário passa por transformações e está havendo uma ``seleção natural". Devem continuar operando as corretoras que acreditam no mercado e realizam elevados investimentos em informática, fornecendo trabalhos com qualidade de gerenciamento e assessoramento financeiro, diz.
Está havendo também uma tendência de corretoras de menor porte serem adquiridas por bancos. Este ano, a corretora Baluarte vendeu seu título patrimonial para o grupo financeiro francês CCF; a Cambial, para o Icatu, e a Cobansa, para o Banco Votorantim.
A queda no volume de negócios nas Bolsas, provocada pela fuga do dinheiro estrangeiro (desde dezembro, com a crise do México), acirrou a competição entre as corretoras.
Os investidores estrangeiros retiraram seus recursos das Bolsas brasileiras, pois temiam que as empresas brasileiras passassem por dificuldades de pagamento, como aconteceu com as companhias mexicanas em dezembro com a desvalorização do peso.
Ricardo Fleury Lacerda, analista do mercado financeiro da Universidade de Columbia (em Nova York), diz que, apesar de o capital estrangeiro ainda não representar a maior parte dos investimentos nas Bolsas brasileiras, sem a sua presença os mercados hoje são incapazes de conquistar ganhos expressivos. Os fluxos de recursos estrangeiros exigem ``baixos custos e serviços eficientes" para moverem-se de um lado do mundo para o outro, diz.
Algumas instituições financeiras chegaram a não cobrar corretagem de grandes investidores para continuarem operando, mas acabaram desistindo da atividade. Cada vez mais corretoras brasileiras fecham as portas.

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