São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 1995
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Calendário provoca estresse

CIDA SANTOS

Contusões. Esta foi a palavra mais usada, na última semana, no mundo do vôlei brasileiro.
Tanto na seleção masculina como na feminina, o que não faltam são atletas machucados.
No diz-que-diz entre médicos da seleção e dos clubes, para saber quem é o vilão, a principal causa acaba não sendo discutida: o calendário, repleto de competições, está arrebentando os jogadores.
Até a década de 80, a cada dois anos, as seleções disputavam o Mundial ou a Olimpíada. No intervalo, eram realizados o Pan-americano e o Sul-americano.
Com a criação da Liga Mundial e do Grand Prix, a história mudou.
Todo ano, as seleções participam desses torneios, longos e cansativos. Veja o itinerário da seleção feminina no GP: elas jogarão em Taiwan, Macau, Hamamatsu (Japão) e em Xangai (China).
O maior problema é que essas competições acabam encavalando com outras. Este ano, as seleções têm mais dois torneios: o Sul-americano e a Copa do Mundo. Sem contar os compromissos dos jogadores com os clubes.
Em 96, vai ser pior. É ano de Olimpíada. E os atletas da seleção já sabem: novamente vão ter poucos dias de folga. Haja preparo físico e mental. O estresse pode ser percebido facilmente.
Exemplo: Fernanda Venturini já declarou que, depois da Olimpíada, quer ficar um tempo fora da seleção. Vale lembrar que Fernanda tem só 24 anos.
A solução foi dada nesta temporada pelo técnico da Itália, Julio Velasco. É preciso estabelecer prioridades.
Ele deu férias aos principais jogadores, que só voltam à quadra nos dois torneios mais importantes: o Campeonato Europeu e a Copa do Mundo. Disputou a Liga Mundial com um time composto em sua maioria por novatos e até descobriu uma nova geração.
Por isso, causa espanto a proposta do Conselho da Liga Mundial, que pretende obrigar as seleções a inscreverem, no grupo de 18 jogadores para o torneio de 96, os 12 que irão disputar este ano os campeonatos continentais.
Mais: dos 12, 9 vão ter que participar da fase de classificação. Ou seja: na próxima Liga, não seria possível repetir o que Velasco fez nesta temporada.
Se essa medida for ratificada na próxima reunião do Conselho, em outubro, ela vai trazer pelo menos duas tristes consequências: impedir a renovação das seleções e manter essa roda-viva estressante para os principais atletas.

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