São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Psicóloga defende o `jeitinho' e a sensualidade brasileiros em análise

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ``jeitinho" e a sensualidade dos brasileiros, a violência, a crise econômica e outras ``marcas" do cotidiano do país devem ser levadas em conta pelo psicanalista que queira desenvolver uma prática genuinamente nacional, defende a psicóloga Marian Dias Ferrari, 28.
Em sua tese de mestrado na PUC-SP, ``Clínica Psicanalítica Brasileira: Delineando Algumas Paisagens", Marian toma como ponto de partida uma das obras mais controversas -e de dificílima leitura- escrita na área: ``O Anti-Édipo" (1972), dos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari.
``A obra foi escrita em uma época específica, a da contra-cultura. Era um movimento extremo e oposto à teoria do complexo de Édipo, como ele é apresentado por Freud", afirma Marian.
Para ela, ``não dá mais para ficar entrincheirado contra essas idéias (do complexo de Édipo)".
Ela propõe um meio termo, em que se leve em conta, no trabalho psicoanalítico, além da teoria freudiana, o cotidiano dos brasileiros. Daí ter de trabalhar com noções como o ``jeitinho brasileiro".
``É levar mais em conta, na prática psicanalítica, o que o paciente traz do presente -como o emprego que está pagando mal- e não ficar tanto na infância e na relação com mãe e pai", diz a psicóloga.
``Os conceitos da psicanálise entram como ferramenta. Não há obrigatoriedade de, a todo momento, a remeter à infância."
A tese faz um levantamento em jornais e revistas sobre o que seria a ``marca brasileira". Para ela, muitas vezes, coisas como o ``jeitinho" são vistas negativamente.
``Coloco essas marcas como uma coisa positiva, não atrelada aos ideais europeus." ``É claro que essas marcas brasileiras podem ser negativas, como gerar um desrespeito ao próximo. Mas também pode ser um ponto de partida para a criatividade", conclui.
(FR)

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