São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 1995
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Atentado ainda está sem solução

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O atentado que matou mais de 96 pessoas há um ano na Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) continua sem solução e os culpados, soltos.
Em 18 de julho de 1994, cerca de 3.000 quilos de explosivos dentro de uma camionete foram detonados em frente à associação judaica, no centro de Buenos Aires. O edifício, de sete andares, desabou.
Segundo um documento divulgado ontem pelo Comitê Judaico Americano, houve incompetência do governo argentino para tentar solucionar o caso e má-vontade das autoridades em descobrir os culpados.
Segundo o jornalista argentino Sergio Kiernan, autor do documento, a investigação apenas indicou alguns suspeitos de envolvimento com o atentado.
O presidente argentino, Carlos Menem, afirmou ontem que os culpados logo serão levados à Justiça. Ele é apontado pelo relatório como indiferente ao problema.
Menem conta como "vitória" a extradição de sete libaneses e uma brasileira do Paraguai para a Argentina. O grupo deve chegar à Argentina esta semana.
Eles são os únicos suspeitos pelo caso. "Só que a extradição demorou sete meses", afirmou Kiernan.
O governo afirmou também que deve anunciar, até o fim do mês, novos indícios que podem levar à prisão dos culpados pelo atentado.
A associação juaica Memória Ativa, com sede em Buenos Aires, prometeu para hoje um protesto pela agilização da investigação.
O atentado foi mais violento contra uma instituição judaica fora de Israel, Estado criado em 1948. Relatório publicado na semana passada pelo governo dos EUA relaciona o terrorismo islâmico com o atentado e alerta para novos ataques.
Há suspeitas de que fundamentalistas iranianos possam estar ligdos ao atentado. O governo do Irã nega qualquer relação.
Kiernan também acusou as autoridades policiais argentinas de serem anti-semitas, o que estaria dificultando a investigação.
Ele não deu provas, mas afirmou que não houve interesse em preservar possíveis provas do atentado depois da explosão.
A Argentina foi um dos principais redutos de fugitivos nazistas depois da Segunda Guerra Mundial. Na década de 60, o famoso criminoso de guerra Adolf Eichmann foi descoberto no país pelo serviço secreto de Israel, que conseguiu sua extradição, julgamento e condenação à morte.

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