São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Agrojacobinos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais parecia encontro da UNE, ou da CUT, ou filme da Revolução Francesa.
A tomada, ou a ``invasão" da Esplanada dos Ministérios, como descreveu a televisão, com alarme, foi feita da forma mais desordenada.
Nos telejornais, expressões como ``racha" se repetiram. Cada parlamentar da bancada ruralista, cada presidente de sindicato ou da confederação da agricultura, de cada Estado ou município, parecia ter proposta diferente do que fazer.
No Jornal Nacional:
- A manifestação cresce e aparecem as divergências.
No Jornal Bandeirantes:
- Os políticos que tentaram fazer parte de uma comissão que representa os agricultores foram vaiados. A comissão foi formada só por lideranças do movimento, mas eles também foram rechaçados. É que, no documento que eles levaram ao presidente interino, não estava uma reivindicação que as bases acham importante: a cabeça do ministro da Agricultura.
E tome vaia contra membros da bancada ruralista, como bem mostrou a Rede Brasil, junto com o desabafo irritado de um dos manifestantes:
- A bancada ruralista tem que conversar com as bases, conversar conosco.
Um arrozeiro gaúcho, o líder que idealizou o marcha, não à toa com uma rota semelhante à da Coluna Prestes, apareceu boquiaberto no TJ:
- Nós viemos como forma de fazer um alerta à sociedade, através de todas as cidades em que nós passávamos.
Para o arrozeiro, nada de cortar a cabeça do ministro e nada de negociar. Mas já uma segunda comissão estava no ministério, negociando.
``O líder não sabia", disse com ironia a correspondente do SBT, que comentou:
- Perplexos com o tamanho do movimento, os agricultores não conseguiram elaborar uma agenda. Este foi um legítimo movimento de base, mas faltou uma cúpula preparada.
Segundo a Bandeirantes, ``o movimento cresceu a ponto de engolir as lideranças". E os agricultores não sabem nem mais até quando vão ficar em Brasília. Não sabem se esperam por Fernando Henrique.
- Os líderes querem voltar, a base quer ficar.
Hoje tem assembléia.
A invasão está à deriva.

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