São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995 |
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Advogado prende ladrão e denuncia PM do Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Em entrevista à Folha do escritório da entidade em Washington, Cavallaro, 32, disse que os PMs aplicaram tapas nos ouvidos do assaltante, bateram em suas mãos com cassetetes e lhe deram socos. Ele estava com a mulher, Denise, quando foi assaltado em um ônibus em Copacabana (zona sul), a caminho de casa. O assaltante lhe tomou R$ 6,00 e o relógio. O rapaz disse estar armado e tentou tirar a carteira de Denise. Cavallaro aplicou-lhe uma ``gravata" no pescoço, dominou-o com a ajuda do cobrador e viu que ele não tinha arma. Parou num posto da PM e pediu ajuda para dar queixa numa delegacia. Foi aí que os PMs teriam começado a bater. ``Eu já tinha lido relatórios sobre violência policial no Brasil, mas desta vez eu vi a truculência. O rapaz gritava, eu protestei, mas eles continuavam batendo", disse. Cavallaro, os PMs e o assaltante foram, em carros separados, até a delegacia de Copacabana. ``A camisa tinha manchas de sangue." Como Cavallaro é norte-americano, foi conduzido à Deat (Delegacia de Atendimento ao Turista), no Leblon (zona sul). Todos foram no mesmo carro. O rapaz continuou apanhando, segundo o relato. Cavallaro afirmou que os policiais bateram com cassetetes nas mãos do assaltante, dizendo ``isso é para você não roubar mais". Ele disse que, na Deat, tanto a escrivã como os PMs tentaram dissuadi-lo de dar queixa. Cavallaro insistiu e registrou, no boletim de ocorrência, a violência dos PMs. Ele disse não ter recebido o dinheiro de volta. A escrivã teria proposto que o relógio ficasse na delegacia para ser avaliado e, durante o processo, facilitar o cálculo da pena do assaltante. ``Dei queixa porque as organizações de direitos humanos não são a favor do crime e defendem sua punição. Mas não pude acreditar no que vi", disse Cavallaro. Ele incluirá a ocorrência no relatório internacional da entidade sobre violência policial no Brasil. Secretário O secretário de Segurança do Estado do Rio, general Nilton Cerqueira, disse que ``não estava entendendo" o protesto do diretor da Human Rights Watch. ``Queria que ele subisse o morro com a gente e usasse os direitos humanos para convencer a bandidagem a se render", afirmou. Luciana Benjor, delegada da Deat, disse que foi feito exame de corpo de delito no rapaz e que não foi constatado ferimento. ``Nem o assaltante reclamou do tratamento. Se este senhor (Cavallaro) tivesse morrido, os direitos humanos dele estariam mais embaixo", afirmou. Texto Anterior: Placa do túmulo de Senna é furtada em SP Próximo Texto: Para advogados, extradição de Biggs é `pouco provável' Índice |
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