São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Marinha pode pedir indenização

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Peritos da Marinha concluíram que o armazenamento de munição estragada provocou as explosões que destruíram no domingo as instalações navais da ilha do Boqueirão (baía de Guanabara), no Rio.
A perícia ainda não sabe como se originou o fogo inicial. A hipótese provável é a de que tenha havido vazamento de pólvora, seguido de alguma forma de combustão.
A provável origem da munição é os EUA. O Brasil costuma comprar de fábricas norte-americanas cargas para canhões 127 mm.
Se ficar comprovado defeito em munição ainda em validade, o governo brasileiro poderá pedir indenização ao fabricante.
As hipóteses de curto-circuito, sabotagem e manipulação errada de explosivos não foram oficialmente descartadas, mas desde ontem deixaram de ser analisadas.
Segundo a perícia, o fogo começou às 17h10 no paiol de triagem da ilha. O paiol havia recebido na terça e na quinta-feira anteriores cargas de munição para canhões (calibre 127 mm).
As cargas estavam nos recém-desativados contratorpedeiros (navios de combate) ``Alagoas" e ``Marcílio Dias".
Não havia sinalizadores na carga, disse o capitão-de-mar-e-guerra (equivalente a coronel) Leonardo da Costa, comandante do centro de munição da ilha.
Uma inspeção visual não detectou problemas na munição. A carga foi então levada para o paiol de triagem, para ser redistribuída.
Uma amostra da pólvora seguiu para exame de verificação de qualidade. O laboratório deveria concluir a análise nesta semana.
A perícia apurou que decorreram 15 minutos entre o surgimento da fumaça e a primeira explosão.
Destroços em chamas atingiram então outros dois paióis de munição, que também explodiram.
Assim que o fogo foi descoberto, os 50 militares de plantão abandonaram a ilha do Boqueirão.
``A doutrina internacional diz que não se deve combater incêndio em paiol de munição. A ordem é abandonar a área imediatamente", afirmou o oficial Costa.
Membro da equipe de perícia, Costa disse que está afastada a hipótese de negligência. Foi apurado que nenhum plantonista deixou de cumprir suas funções no domingo.
Costa disse que pode ter havido ``vingança" por parte de envolvidos no roubo de 22 mil cartuchos de munição, em 94. ``É possível, mas muito pouco provável."

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