São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995 |
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Exército divulga lista de 162 pessoas que importaram armas apreendidas
RUI NOGUEIRA
São 59 colecionadores do Rio, 46 de São Paulo, 14 de Juiz de Fora, 4 de Porto Alegre, 5 de Belém, 22 de Fortaleza e 9 de Brasília. Curitiba, Salvador e Recife têm 1 importador cada na lista. A divulgação da lista foi feita após uma investigação em que o Exército concluiu que, além de a importação ter sido legal, todos os 162 colecionadores estão devidamente cadastrados pelo Exército. Para o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército), a divulgação dos nomes ``dá transparência" à investigação. A Folha apurou que o Exército concluiu que a apreensão feita no Galeão foi usada politicamente pelo governo do Rio, pela Receita Federal e a PF (Polícia Federal). O governo está interessado em mostrar que controla a entrada de armas no Rio e a PF e a Receita, em provar que a vigilância no Galeão é melhor do que a do aeroporto de Cumbica (SP), alvo de recentes denúncias de corrupção. As 369 armas foram recolhidas ao arsenal do Exército por ordem da Justiça Federal no Rio. O Ccomsex quis, com a lista, mostrar também que as armas vão para vários Estados, já que só 59 colecionadores são do Rio. ``Isso acaba com a idéia exagerada de que um arsenal de mais de 300 armas ficaria no Rio e podia ir parar nas mãos de bandidos." A Justiça mandou a PF fazer perícia nas armas e investigar o processo de importação, iniciado em abril de 94. Só é permitida importação de armas semi-automáticas. Segundo o Ccomsex, o Exército aguardará a decisão da Justiça para decidir o que fazer com as armas. O Ccomsex atribuiu à ``conjuntura em que vive o Rio" (violência alimentada por contrabando de armas) a apreensão dos produtos. Há dois anos, entraram no país cerca de cem metralhadoras inglesas Bren, também importadas pelos colecionadores, e nem a Receita nem a PF colocaram obstáculos. Naquele caso e no de agora, a importação foi coordenada pela ABCA (Associação Brasileira de Colecionadores de Armas). A Folha apurou que a ABCA vem organizando colecionadores para aproveitar ofertas da China, que se tornou grande vendedora de armas no mercado internacional. Segundo Ccomsex, todas as coleções são vistoriadas pelo Exército e a prova de que elas não abastecem o crime organizado é que até hoje nenhuma arma de colecionador foi achada com quadrilhas. Os colecionadores estudam entrar na Justiça para ter de volta o que consideram uma propriedade particular apreendida ilegalmente. Texto Anterior: Testemunha ameaçada Próximo Texto: Vazamento de água causa interdição da prefeitura Índice |
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