São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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BC prevê compra de US$ 4 bi em julho

ALBERTO FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central prevê que suas compras de dólares em julho poderão chegar a US$ 4 bilhões.
Com isso, o nível de reservas poderá voltar ao de dezembro, quando o caixa em moeda forte do país estava em US$ 38,8 bilhões. Em junho, as reservas fecharam em US$ 33,5 bilhões.
Em relação às importações, as reservas internacionais são hoje menos da metade -46%- do que eram no início do Plano Real.
Em julho do ano passado, as reservas estavam em US$ 43 bilhões, o suficiente para financiar quase 19 meses de importações. No final do mês passado, o caixa dava para 8,8 meses de importações.
O grande volume de compra de dólares dificulta a redução de juros, porque aumenta a dívida do governo junto ao mercado.
Ao comprar dólares, o BC entrega aos bancos o valor correspondente em reais. Isso aumenta o volume de moeda nacional na economia -o que, na avaliação do governo, causa inflação.
Para compensar esse efeito, o governo está retirando reais de circulação por meio da venda de títulos públicos -ou seja, do aumento da dívida do governo.
O mercado compra os títulos porque os juros oferecidos são altos. Portanto, o momento dificulta qualquer redução dos juros da dívida pública, considerados os juros básicos da economia.
O salto de reservas em julho deve acontecer com a compra de até US$ 4 bilhões, somada à remuneração de reservas, em torno de US$ 200 milhões, e o recebimento de US$ 750 milhões -correspondentes a empréstimo tomado pelo governo junto ao mercado alemão. O BC está comprando dólares para forçar a subida da cotação da moeda americana. O dólar desvalorizado estimula importações e inibe exportações. A intenção do governo é reverter o quadro.
Quem vende dólares ao governo são os investidores externos e os bancos nacionais. Estes últimos estavam com estoques de moeda estrangeira, formados em junho -quando o mercado estava na expectativa de uma desvalorização do real frente ao dólar, que está acontecendo agora.
Já os aplicadores externos trouxeram para o país, nos 18 primeiros dias do mês, US$ 2,432 bilhões. É o melhor resultado mensal do ano. O recorde anterior, de maio, foi de US$ 2,427 bilhões -para o mês inteiro.

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