São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Rúgbi ou surfe

CARLOS SARLI

``Aqueles que testemunharam a força e a excitação de uma competição de surfe no North Shore de Oahu sabem que o Esporte dos Reis Havaianos não é apenas a personificação da verdadeira excelência atlética, mas uma expressão muito mais profunda: a união do homem e seu meio ambiente. É onde mortais lutam contra o infinito poder da criação."
O poético texto acima é parte do editorial da revista anualmente produzida pela ASP em sua edição de 93.
No ano seguinte, todo reconhecimento da importância do Havaí no contexto do surfe mundial foi preterido por um contrato com a Coca-Cola australiana, que adquiriu os direitos de patrocínio exclusivo do WCT e da etapa de encerramento do Tour, que acontece em dezembro.
O valor do contrato (cerca de US$ 1,5 milhão) é baixo se considerada toda visibilidade oferecida à marca.
O ano de 95 começou com boas novas. Embora a etapa decisiva continuasse prevista para a Austrália, duas estreantes viriam a acrescentar muito na disputa do título mundial: G-Land, na Indonésia, e Puerto Escondido, no México.
A primeira já rolou no começo do mês passado e justificou toda a expectativa. A etapa mexicana será após a brasileira, em novembro.
Também conhecido como Pipeline Mexicano, será um bom treino antes de se chegar ao North Shore e pegar o autêntico.
Tudo confirmado, tudo resolvido. Não. Há poucos dias, após a reunião do ``board" da ASP, ficou estabelecido que a última etapa voltará a ser, ainda este ano, no Havaí.
O Coke Classic foi transferido e, ao invés de finalizar o Circuito de 95, abrirá o de 96.
Parece que os diretores da ASP andaram tendo aulas com os mandachuvas da economia do Brasil. No meio do jogo, sem maiores avisos, as regras são alteradas. No caso, até que é bom, poucos podem se sentir prejudicados, a não ser meia-dúzia de australianos mal colocados no ranking.
Mas o que parece mais uma vitória dos surfistas está mais para um decisão da líder mundial das colas. Em dezembro acontece a final do Campeonato Australiano de Rúgbi, esporte nº 1 do país, que a Coke também banca.
Além disso, em janeiro, quando o Circuito abrirá a temporada, é alto verão na Austrália e o patrocínio da etapa é um gás a mais no borbulhante mercado de venda de refrigerantes.

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