São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Vencer ou vencer

ALBERTO HELENA JR.

Quando eu era menino, corria fresca aquela piada segundo a qual deveríamos declarar guerra aos EUA; assim, seríamos tomados pelo Grande Irmão do Norte, que nos ofereceria o paraíso. Aí vinha a piada: e se ganharmos? Que teve um complemento em cima do Acordo Brasil-EUA que se discutia no tempo da 2ª Guerra: nós mandamos o Getúlio para eles; em troca, nos mandam o Roosevelt.
Rá, rá, rá, como diria o Zé Simão, circunspeto.
Quer dizer: de qualquer forma, sairíamos ganhando. É mais ou menos o que deverá acontecer hoje. Não importa o resultado de Brasil e EUA, que jogam as semifinais da Copa América, desde que sejamos os vencedores. Neste caso, os sinais estarão invertidos, posto que não há hipótese de aceitarmos uma desclassificação diante do incipiente futebol americano.
Claro que temos o exemplo recentíssimo da Argentina, que botou banca diante dos americanos, levou uma biaba, pegou o Brasil pela proa e hoje lamenta sua desclassificação prematura.
Podemos até recuar à Copa do Mundo de 94, onde sofremos um pouco para eliminar os EUA. Mas essas são duas situações peculiares que não se repetirão tão cedo.
Se jogarmos com aplicação -e essa turma do Zagallo já deu provas de que não brinca em serviço -, venceremos, até com certa folga. Se folgarmos, teremos dificuldades para vencer. Mas, se perdermos, só o haraquiri.

Que me perdoem o Oscar, o Bellini, o Pinheiro e outros ilustres rebatedores do nosso futebol, mas, se me perguntarem quem eu escalaria na zaga brasileira, em quaisquer situações, ficaria com Mauro Ramos de Oliveira, Luís Pereira, Djalma Dias, Amaral, enfim, um dos dignos representantes da zaga clássica, inaugurada pelo patrono Domingos da Guia.
Acontece que André Cruz, embora seja tecnicamente muitas vezes superior a, digamos, o tosco Ronaldão, não chega aos pés daqueles. Tem excelente domínio de bola, chuta forte como o cão, preserva na postura um certo estilo, mas carece daquele atributo especial, quase um poder adivinhatório, que diferencia o craque de um bom jogador. Em contrapartida, é lento, baixo e tem pouca impulsão. Ora, no time de Zagallo, onde Roberto Carlos desponta como uma das maiores estrelas exatamente por seu poder ofensivo, o quarto-zagueiro tem que ser apenas um coadjuvante aplicado. Ronaldão pode errar 10, 20 passes, mas não erra o bote. E é disso que precisamos por ali.

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