São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 1995
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Razões Inversas estréia `Tasso', de Goethe

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO PEÇA: TORQUATO TASSO

De: Goethe
Direção: Márcio Aurélio
Com: Grupo Razões Inversas
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611)
Quando: terça a sábado, às 21h30, e domingo, às 20h30
Quanto: R$ 8,00

O grupo teatral Razões Inversas estréia hoje no Centro Cultural São Paulo ``Torquato Tasso", do alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), autor de textos clássicos do Romantismo, como ``Fausto" e ``Werther".
``Tasso" pertence, segundo o diretor do grupo e professor da Unicamp Márcio Aurélio, à fase neoclássica de Goethe. ``Não é um texto romântico, mas já uma crítica ao Romantismo. É uma peça eminentemente política", diz.
Goethe escolheu como protagonista de sua tragédia em cinco atos o poeta renascentista Torquato Tasso (1544-1595). A trama gira em torno das relações do poeta com o poder estatal, de seu amor pela princesa Leonor e de suas oscilações entre a lucidez e a alucinação.
A base histórica é apenas pano de fundo para a criação de Goethe, preocupado com o conflito entre idealismo e realismo, entre o universo do artista e o mecenato do Estado.
Semelhanças com o Brasil atual podem não ser mera coincidência.
``Acho interessante discutir a relação entre artista e Estado num momento como esse, em que intelectuais ocupam postos políticos e a atuação política se mistura com a cultural", diz Márcio Aurélio.
A sintonia com o momento parece ser uma constante no trabalho da companhia, constituída há cinco anos pelo diretor com seus alunos do curso de artes cênicas, formandos à época.
Sua montagem de ``Ricardo 2º", de William Shakespeare, coincidiu com o processo de impeachment de Fernando Collor, tratando de questões semelhantes.
A comédia de tribunal ``A Bilha Quebrada", do alemão Heinrich von Kleist, aconteceu à época da CPI da corrupção no Congresso Nacional.
A outra preocupação da companhia é constituir um repertório com montagens de textos de qualidade de autores como Shakespeare, Kleist e Heiner Muller.
``Para atores bastante jovens como os da companhia, a oportunidade de se confrontar com excelentes autores é maravilhosa", diz o diretor.
Paralelamente aos trabalhos de pesquisa e encenação com o Razões Inversas, Márcio Aurélio desenvolve carreira de diretor desde 1977, com peças como ``Lua de Cetim", ``Édipo Rei" e ``Hamletmachine".
Seu último trabalho longe do Razões Inversas, ``As Traças da Paixão", com Walderez de Barros, esteve em cartaz no ano passado.
``Tasso" estreou em maio, com boa repercussão, na Venezuela, no Festival de Caracas, encontro promovido pela Unesco com participação de grupos do mundo todo.

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