São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Governo vai financiar os usineiros

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo vai financiar os usineiros de álcool em um valor entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. O objetivo é evitar aumento do preço do combustível ao consumidor final.
A operação será feita através da compra pela Petrobrás, para entrega futura, de uma quantidade de álcool equivalente a um mês de fornecimento.
A Petrobrás receberá através de financiamento do Banco do Brasil o dinheiro para esse pagamento antecipado aos usineiros.
O BB vai captar os recursos no mercado internacional para pagar juros menores que os praticados no mercado interno.
Os US$ 200 milhões correspondem a 80% do total que a Volkswagen do Brasil vai gastar para implantar uma fábrica completa de caminhões e ônibus, em Resende, no Estado do Rio de Janeiro.
``É um mecanismo novo que estamos testando e que pode ser ampliado", disse ontem o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari.
``Não vai haver aumento de preços para nada", disse Dallari, referindo-se tanto ao álcool como aos combustíveis em geral.
Para ele, a sustentação dos preços atuais será feita pelo ``tempo que o governo achar necessário".
O secretário disse que a compra antecipada de álcool será feita agora aos usineiros da região Sudeste, onde o produto está em plena safra. No Nordeste, a operação será feita em novembro ou dezembro.
Segundo Dallari, a capitalização dos usineiros é necessária, já que eles têm compromissos com crédito agrícola a vencer em julho e agosto e estão sem recursos para cumprir essas obrigações.
O acordo para capitalizar os usineiros e evitar o aumento do álcool foi acertado ontem à tarde em uma reunião na sede da Petrobrás (centro do Rio), entre Dallari, a direção da empresa e o Banco do Brasil.
Segundo o secretário, ``a engenharia financeira será operacionalizada pela área internacional do Banco do Brasil".
Ele não deu detalhes sobre os custos financeiros da operação para a Petrobrás nem deu o prazo para a entrega futura do álcool.
No sistema normal de funcionamento do mercado do álcool combustível, a Petrobrás compra parte do produto dos usineiros e faz o repasse para as distribuidoras.
Outra parte é comprada diretamente da usina pela distribuidora.
No último dia 6 início do mês, o governo já havia concedido um aumento de 6% no preço da cana-de-açúcar e do álcool.
A medida aumentou de US$ 70 para US$ 90 milhões o déficit mensal da conta-combustível (subsídio ao álcool).

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