São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Guitarrista critica Guns N'Roses e Axl

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Guns N'Roses ``se leva muito a sério" e ``o piano de Axl (Rose) me entedia", diz Slash, o principal guitarrista da segunda maior banda de rock do planeta, numa conversa inesperadamente franca.
Ele falou à Folha por telefone, de um hotel sitiado por adolescentes em Buenos Aires. Para mostrar o fôlego histérico dos fãs, Slash levou o telefone até a janela. ``Dá para ouvir?" Impressionante.
Slash vem passar seu aniversário no Brasil. Domingo, o último herói da guitarra faz 30 anos. Segunda e terça, toca no Olympia com sua banda paralela, Snakepit.
É lendária a forma como Guns N'Roses impõe condições para entrevistas, mas nenhuma restrição foi apresentada dessa vez.
``Esta não é uma megaturnê com barreiras impenetráveis", Slash compara. ``Sou um cara amigável, por isso não me importo em me abrir".
Apesar de contornar o tema da tumultuada segunda passagem do Guns N'Roses pelo Brasil (em dezembro de 92), quando Axl Rose jogou uma cadeira na imprensa, Slash não pôs panos quentes em sua relação tensa com o vocalista.
O comentário sobre a ausência na turnê de Matt Sorum, baterista do Guns, que participa do Snakepit, foi revelador: ``Teve que ficar em casa, para evitar maiores conflitos entre eu e Axl".
Não, o Guns N'Roses não acabou, garante Slash.
Mas alguns rumores são bem-fundados. O guitarrista-base Gilby Clarke foi mesmo despedido. Slash saiu-se liso como uma cobra: ``Foi algo entre ele e Axl, que eu não estou inteirado".
No lugar de Gilby, que vem ao Brasil com o Snakepit, pode voltar Izzy Stradlin, ex-guitarrista e autor dos maiores hits da banda. ``Izzy concorda em compor, mas não parece interessado em excursionar."
Slash confirma a razão da saída de Izzy, em 92: ``Ele não queria lidar com Axl. Sabe, com a coisa do `rock star'. Como eu, só queria saber de tocar. Nós dois nunca pensamos que o Guns N'Roses pudesse se tornar tão grande".

Folha - A turnê do Snakepit não inclui estádios. Você sentia falta dos palcos das casas noturnas?
Slash - De fato, o Snakepit acabou sendo um ótimo veículo para eu voltar a tocar em ambientes mais íntimos. É uma das coisas que o Guns não pode mais fazer.
Folha - Você acha que possam se repetir com o Snakepit os tumultos da turnê de 92 do Guns N'Roses pela América do Sul?
Slash - Os problemas que tivemos tornaram-se públicos meio que como publicidade. Na verdade, o clima da turnê foi legal.
Folha - Como você compara a experiência de tocar no Snakepit e no Guns N'Roses?
Slash - Bem, Snakepit é um monte de amigos que decidiram tocar juntos e gravar um álbum. Enquanto o Snakepit toca por diversão, Guns N'Roses se leva um pouco a sério demais.
Folha - Como Guns N'Roses conseguiu sobreviver dez anos aos rumores de ódio entre seus integrantes?
Slash - A banda sobreviveu, basicamente, por se concentrar na música. Não prestamos muita atenção nos rumores.
Folha - Muita gente gosta de compará-lo a Keith Richards. O que você acha da comparação?
Slash - A essa altura, eu conheço Keith muito bem. Nos parecemos em algumas coisas -somos roqueiros fanáticos e gostamos do mesmo tipo de música.
Ele está no Rolling Stones, é 20 anos mais velho e me influenciou, claro. Eu me espelho nele, no fato de que ele sobreviveu tanto tempo. Mas só. Não sei como poderia ser comparado a ele. Como?
Folha - Já que você se define um roqueiro fanático, como encara os pianos e as baladas nos discos do Guns N'Roses?
Slash - Tenho um problema com isso. Quando Axl vai para o piano, costumo ficar entediado. Algumas músicas acho ok, como ``November Rain". Acho interessante gravar um bom solo de guitarra com acompanhamento de piano. Mas é algo que não quero fazer demais, me dá nos nervos. De vez em quando, tudo bem.

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sobre Slash à pág. 5-3

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