São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Reunião discute ação militar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os países integrantes do Grupo de Contato, criado para mediar o conflito na Bósnia, vão se reunir hoje em Londres para tentar definir uma ação para solucionar a crise na ex-república iugoslava.
EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, do grupo, e representantes de países com tropas na Bósnia vão discutir qual a melhor saída para o conflito.
"Nós achamos que o melhor é o ataque aéreo agressivo contra posições dos sérvios bósnios para proteger os encraves que ainda não caíram", afirmou o secretário de Defesa dos EUA, William Perry. A França defende a intervenção militar total (veja quadro acima).
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, disse ontem que está otimista em relação ao resultado da reunião. Ontem, ele conversou por 40 minutos com o premiê britânico, John Major.
O chanceler russo, Andrei Kozirev, chegou ontem a Londres e disse se opor a qualquer ação militar em solo bósnio.
"Não podemos deixar que a ONU seja atropelada em suas funções", afirmou Kozirev.
Para os países muçulmanos, que estarão representados no encontro pelo Paquistão, a solução é o fim do embargo de armas aos bósnios -que poderia levar a uma guerra total na região. "Os bósnios têm o direito de se defender", afirmou nota do governo paquistanês.
O Senado norte-americano, onde a oposição republicana também defende o fim do embargo, adiou a votação sobre a questão a pedido do presidente Bill Clinton.
O líder republicano Bob Dole disse ser contra qualquer envio de tropas ou armamentos, alegando que a guerra é um assunto mais europeu que dos EUA.
Ontem, os ministros das Relações Exteriores da Bósnia, Irã e Grécia se reuniram em Atenas para discutir a crise. Todos concordaram que o rearmamento dos muçulmanos é a melhor saída.
A posição é defendida pelos principais líderes de países islâmicos. Os sérvios bósnios são considerados "novos cruzados" pela Arábia Saudita, em referência aos soldados cristãos que combatiam os muçulmanos na Idade Média.
A Organização da Conferência Islâmica, entidade que reúne 52 países de maioria muçulmana, marcou para hoje e amanhã uma reunião para discutir a crise.
Segundo o Irã, um dos principais países da organização, será colocado em questão o envio de tropas de países islâmicas para proteger os civis muçulmanos.
O Egito também se manifestou contrário ao isolamento militar dos bósnios. Toda a região dos Bálcãs foi dominada pelos muçulmanos entre os séculos 14 e 19. A Bósnia é citada, por cronistas muçulmanos, como a "jóia do Islã".

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