São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 1995
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Marcio Thomaz Bastos; Primeiro semestre; Rumo ao México; ``Caminhonaço"; Picaretas; Período nefasto, não negro; Foz do Iguaçu; Árvores em São Paulo; Bancada ruralista

Marcio Thomaz Bastos
``Tendo terminado recentemente minha passagem pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, prestes a iniciar meus estudos em ciências políticas e, portanto, ainda no início de minha jornada profissional, deparo-me, indignado, com as declarações do dr. Marcio Thomaz Bastos, ele com seus 39 anos de carreira. Até mesmo para um leigo, basta ler o que meu pai, Clodoaldo Celentano, disse em juízo para que se compreenda o teor do seu depoimento. Afinal, relatar o conhecimento da proposta de composição dos constituintes do dr. Marcio, por meio deste último, ao dr. Cyro Kusano é, no mínimo, prova de decência e mais, um direito do acusado de prover o juiz de elementos necessários para o julgamento da causa. A questão é que, talvez, o dr. Marcio não esteja habituado com esse princípio jurídico tão singelo e fundamental. De duas, uma: ou o dr. Marcio não compreendeu, ou não quis compreender, dado seu evidente interesse no desfecho do processo. Aliás, dr. Marcio, e aqui me dirijo pessoalmente ao senhor, parece que a imputação inverídica de crime é sua prática, bastando ler sua carta, publicada dia 12 no `Painel do Leitor', em que insinua maliciosamente que meu pai está sendo acusado de extorsão. Outro fato que me indigna é o do dr. Marcio empregar a palavra réu como sinônimo de culpado ou até mesmo condenado. Talvez esses 39 anos de profissão já o tenham feito esquecer a diferença. Quanto a isso, o tempo tratará de revelar a verdade. Verdade essa, dr. Marcio (e aqui me dirijo mais uma vez diretamente ao senhor), que é a mola propulsora dos meus 23 anos e que, com o passar dos seus, o senhor, talvez, já tenha esquecido."
Frederico A. Celentano (São Paulo, SP)

``Marcio Thomaz Bastos é um homem de bem que está ligado às melhores lutas pelo estado de Direito. Queremos, em nome do Núcleo de Estudos da Violência da USP e da Comissão Teotônio Vilela, reafirmar a esse grande advogado nossa irrestrita confiança e integral solidariedade diante das torpes acusações que lhe foram feitas."
Paulo Sérgio Pinheiro, Sérgio Adorno e Nancy Cardia (São Paulo, SP)

Primeiro semestre
``No artigo de 11/7, em que analisa os números das atividades do Congresso no primeiro semestre, Janio de Freitas põe o dedo na ferida. Realmente, a ausência de debates, o desconhecimento do conteúdo das matérias votadas, suas consequências e implicações foram a tônica da atividade parlamentar. Todas as iniciativas da oposição para aumentar o número de sessões para discussão das matérias, para convocar autoridades ou personalidades para debates e solicitar informações foram sistematicamente derrubadas pela maioria governista. De fato, estamos longe de cumprir nosso papel."
Luciano Zica, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, SP)

Rumo ao México
``Não adiantam as pílulas tranquilizantes do governo. O Brasil está no caminho de um desastre econômico do tipo do México. O déficit comercial é somente a parte visível de um iceberg, cujo perigo escondido é a entrada, aparentemente compensadora, de capital estrangeiro procurando enriquecimento rápido com nossas exageradas taxas de juros. Esse capital não tem lealdade de investimentos para com a economia brasileira. Um gatilho de desconfiança desencadeará sua fuga e colapso da precária estabilidade. Acorde, FHC."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

``Caminhonaço"
``Se romaria para Brasília resolvesse problemas financeiros, certamente Aparecida do Norte já estaria às moscas. É bom que os produtores rurais já comecem a planejar a próxima marcha -a marcha à ré."
Marcos Moreno (Varginha, MG)

Picaretas
``O deputado Bonifácio de Andrada sentiu-se asfixiado com a carapuça que vestiu com a música `Luiz Inácio (300 picaretas)', do roqueiro Herbert Vianna. Por que este retrocesso político -a volta da censura, que amordaçou o país durante a ditadura militar? O Congresso queria mostrar à opinião pública o maior empenho em realizar as reformas constitucionais, chegando a admitir o `gesto nobre' de abrir mão do recesso parlamentar de julho. Então a imprensa denunciou que os `canalhocratas' estavam de olho, sim, no jeton que iriam receber: R$ 16 mil para cada deputado e senador! Espero que a censura não volte para acobertar as falcatruas do `Congresso Canalhocrático'."
Antonio Dõnatz Ribeiro da Silva (Curitiba, PR)

Período nefasto, não negro
``Protesto quanto ao vocabulário de base racista utilizado pelo sr. James Louis Carvalho, advogado, diretor no Brasil da Human Rights Watch. Os episódios da ditadura são período obscuro, nefasto ou qualquer outro adjetivo apropriado, menos negro. A forma utilizada fere nosso direito de etnia negra a um tratamento respeitoso e digno."
Henrique Cunha Jr. (Fortaleza, CE)

Foz do Iguaçu
``Nós, cidadãos de Foz do Iguaçu, ao tomarmos conhecimento da reportagem `Prefeito nomeia 23 parentes como funcionários municipais na Bahia', publicada no caderno Cotidiano em 13/7, sentimo-nos no dever de levar ao conhecimento dos leitores o seguinte: 1) o prefeito de Foz do Iguaçu, logo ao assumir, em 1993, conseguiu que a Câmara Municipal revogasse uma lei que proibia a contratação de parentes pelo poder público; 2) o referido sr. Dobrandino Gustavo da Silva nomeou praticamente toda sua família para cargos de confiança, seu irmão é secretário de governo, seu genro é presidente da Companhia de Desenvolvimento de Foz do Iguaçu, seu filho, apesar de não ter curso superior e não entender nada de saúde, foi nomeado diretor de Vigilância Sanitária e Epidemiológica; 3) no próximo mês a Intersindical de Foz do Iguaçu, que mobiliza os sindicatos de trabalhadores locais, vai começar a coletar assinaturas para exigir que a prefeitura realize um plebiscito para comprovar se a população concorda com tais desmandos; 4) gostaríamos que a Folha desse atenção à situação de Foz do Iguaçu, pois não temos canais de expressão para divulgar a indignação perante tal abuso de poder."
José Elias Aiex Neto, seguem-se mais 15 assinaturas (Foz do Iguaçu, PR)

Árvores em São Paulo
``Fiquei muito contente ao ler a notícia de que São Paulo vai ter plantio de mil árvores. Segundo o empresário Flávio Barcha, da Via Verde, é provável que a cidade chegue à marca de 1 milhão de árvores. O que me assustou bastante foi a foto de um dos operários fazendo buracos para iniciar os plantios. Será que os autores deste projeto consultaram algum instituto agrícola para saber quais os tipos de árvores que devem ser plantadas? Será que sabem que é necessário plantá-las em tubos de concreto, para que as raízes não venham à tona e não façam infiltrações nas casas? Sou um simples advogado do interior, um caipira, mas os antigos já faziam esse serviço antes de plantar uma árvore para que não fosse preciso sacrificá-la dez anos depois."
Jairo Sguassabia (Lindóia, SP)

Bancada ruralista
``Quem leu sobre a bancada ruralista na Folha de 25/6 infelizmente ficou certo de que a moralização política deste país ainda está longe. O deputado federal Nelson Marquezelli atingiu um estágio político em que, pensa, não precisa mais do povo, pois formou uma equipe de colaboradores, prefeitos e vereadores de pequenas cidades do interior paulista, que, em troca de pequenos favores, trabalha para ele. Nas entrevistas, sempre diz que os ruralistas estão sendo prejudicados, mas não explica como comprou 11 fazendas."
Antonio Carlos Oliveira (Pirassununga, SP)

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