São Paulo, sábado, 22 de julho de 1995
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Indústria vende em consignação

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes de aparelhos de som, rádios e radiogravadores começam a intensificar a venda em consignação junto aos grandes magazines.
``De um mês para cá, tivemos várias propostas de médios e grandes fabricantes da linha de áudio para fazer negócios em consignação", diz Giácomo Dalla Vecchia, sócio-diretor da Loja Cem.
Francisco Calil, sócio da rede de lojas Modelar, e Antonio Mahfuz, dono da Mahfuz, confirmam essa tendência.
Calil conta que tem sido frequente fabricantes da linha de aparelhos de áudio portáteis propor negócios em consignação.
Nesse tipo de transação, a indústria transfere parte da sua produção para o depósito da loja que se compromete a comprar só a quantidade que conseguir vender.
``O aumento da venda em consignação revela que a indústria está superestocada", diz Natale Dalla Vecchia, sócio-diretor da Loja Cem. Segundo ele, desde agosto de 94 não havia um volume tão expressivo de propostas desse tipo.
Na venda em consignação, as lojas deixam de empatar dinheiro em mercadoria que pode encalhar.
A Folha apurou que a CCE e a Cougar já estariam adotando esse sistema de vendas.
Nelson Wortzman, diretor-superintendente da CCE, que detém 60% do mercado de aparelhos de áudio, não descarta a possibilidade de estar fazendo eventualmente esse tipo de negociação com clientes maiores, na linha de rádio e televisores portáteis.
Na comercialização de videocassetes e televisores de tamanho normal, que respondem por 90% do faturamento da empresa, Wortzman diz que não poderia estar vendendo em consignação.
Motivo: hoje a CCE estaria, segundo ele, abastecendo o mercado com um mês de atraso. É que a sua produção mensal de 80 mil aparelhos de TV e de 30 mil videocassetes não estaria sendo suficiente para atender a procura.
Adilis Colei, diretor comercial da Cougar, nega que a sua empresa esteja vendendo os aparelhos de áudio que fabrica em consignação. Na primeira quinzena de julho, as encomendas do comércio junto à Cougar foram 5% maiores em relação ao mesmo período de junho.
Segundo Colei, é preferível estar com o produto dentro da loja do que na fábrica. O empresário diz que tem conhecimento de que essa prática estaria sendo adotada por algumas empresas de áudio e do setor de utilidades domésticas.

Risco
Para Mahfuz, a venda em consignação é arriscada na hora de prestação de contas para o lojista que não tem um rígido controle do que entra e do que sai da loja.
``Há dois anos cheguei a vender nesse esquema. Mas, como não tinha um controle apurado, desisti. Agora estou reavaliando a volta."
Também nesse tipo de transação o comerciante fica amarrado à indústria que pode ser menos flexível nos preços e prazos.
Apesar de não estar fazendo vendas no esquema de consignação, Calil diz que considera essa parceria com a indústria salutar para o lojista. É que o comércio reduz a necessidade de recursos para bancar os estoques.
``Não topamos esse tipo de negócio", Giácomo Dalla Vecchia. Como a sua empresa está capitalizada, ele diz que prefere comprar e pagar os fornecedores no prazo máximo de 30 dias.
É que, quitando a dívida junto aos fornecedores no menor prazo, a loja escapa das altas taxas de juros, na faixa de 4% a 5% ao mês, e consegue repassar esse benefício para o preço.

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