São Paulo, domingo, 23 de julho de 1995
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Museu é opção de exercício no inverno

Mostras aliam diversão, cultura e caminhadas leves

HELOÍSA BOURROUL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para quem odeia ginástica e não suporta nem a idéia de caminhar ao ar livre, ainda mais no inverno, visitar as exposições da cidade durante o domingo pode ser uma saída para se movimentar sem perder o bom humor.
Se numa mesma tarde, você visitar o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu do Ipiranga, vai gastar 182 calorias -o equivalente a um pedaço de pizza de mozzarella- e ver obras de Renoir, Rodin e os grandes nomes da pintura acadêmica brasileira.
No Masp, o visitante percorre 1.800 metros para ver o acervo, a exposição de fotografia ``Pirelli-Masp" e a feira de antiguidades. Além da diversão, o passeio consome 117 calorias.
Para quem não está acostumado às grandes mostras, o Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque Ibirapuera, com apenas 230 metros de exposição, pode ser o ponto de partida para um roteiro artístico paulistano. O museu pode ser percorrido em apenas 6 minutos.
O museu é um dos preferidos do maestro Jamil Maluf, que prepara os músicos da Orquestra Experimental de Repertório para a ópera ``Os Pescadores de Pérolas", de Bizet, com estréia marcada para 11 de agosto, no Teatro Municipal.
O maestro é amante da arte moderna e acha que a história deste museu foi ``fundamental" para a criação da Bienal de São Paulo.
Uma característica negativa une quase todos os museus da cidade: a falta de lugar para descansar. Segundo Jamil Maluf, a exposição ``Entre o Desenho e a Escultura", de 120 metros de percurso, ``precisaria ter um banquinhos espalhados pela sala". ``Os museus recebem também idosos e deficientes físicos que precisam de infra-estrutura adequada", diz.
Um chá quente no bar do museu renova as energias de qualquer visitante, conforme o maestro. ``Um bom restaurante é essencial em qualquer local de exposições", afirma.
A exposição ``Fado, Vozes e Sombras" sobre os 150 anos de história do fado, que está no Museu da Imagem e do Som (MIS), exige uma caminhada de 450 metros. O gasto de energia é de 30 calorias.
O visitante do Museu Brasileiro da Escultura (MuBe) pode contar com um percurso de tamanho médio: 400 metros para a mostra. ``In and Out", do escultor alemão Thomas Schonauer.
A exposição tem mais um atrativo: cada obra tem um som criado pelo compositor e contrabaixista Peter Kowald.
Os 570 metros de exposição do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Ibirapuera podem proporcionar uma caminhada mais ambiciosa. O motivo da visita é a exposição de pinturas, desenhos e esculturas sobre os temas de nus e interiores, do artista Marcos Duprat.
No MAC da USP, o passeio é de apenas 360 metros para apreciar as 50 obras dos modernistas Tarsila do Amaral, Marc Chagal, Antônio Gomide, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
A atriz Christiane Tricerri, 33, atua na peça ``A Comédia dos Erros" e é frequentadora do Masp. No fim-de-semana, ela costuma acordar por volta de 12h30 e garante que não é ``do tipo que vai ao parque aos domingos para tomar sol pela manhã."
Christiane é avessa às academias de ginástica. Ela elegeu o MASP como ``um bom lugar para se gastar a energia acumulada". Ela visita o local para relaxar, escrever e andar pela feira de antiguidades aos domingos.
Christiane acha que ``se um passeio pelo acervo do MASP não deixa ninguém esbelto, pelo menos depois de apreciar um Rodin ou Van Gogh, pode até dar vontade de prosseguir e fazer um cooper no parque".
Na semana passada, o percurso de 120 metros que fez para ver a exposição Pirelli/MASP de Fotografias nem abalou a disposição da atriz. ``Quilômetros de telas e esculturas consomem energia, mas o objetivo é o prazer", afirma.
O roteiro das exposições de fotografia pode continuar no MAM. A mostra da fotógrafa americana Cindy Sherman, ``The Self Which is Not One", tem 80 metros.

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