São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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R.E.M.

DA ``SPIN"

REM
Grupo volta a fazer turnê porque estava com saudades de si mesmo
Com a época de sucesso em rádios universitárias dez anos longe, nos anos 80, e com os milhões de dólares garantidos com as vendas de disco, o R.E.M. passou a primeira metade dos anos 90 tentando evitar que a grandeza do sucesso os contaminasse com vulgaridades.
Depois do CD ``Green", de 1989, a banda se recolheu. Não apareceram na imprensa. Foram cuidar de outras coisas. Michael Stipe, líder do grupo, foi cuidar de sua produtora de filmes. O baterista Bill Berry, de sua fazenda. O baixista Mike Mill ficou jogando golfe e o guitarrista Peter Buck tratou de se divorciar, casar de novo e cuidar das crianças.
Eles voltaram com ``Monster", o último álbum, lançado no ano passado e, depois de cinco anos, voltaram a encarar as turnês.
O grupo não faz força para aparecer. Deixa claro que dar entrevistas faz parte do contrato. Bom, então para que fazer turnês? A resposta é surpreendente: eles sentem saudades de estar juntos. Buck, por exemplo, mora agora em Seattle. A banda sente falta da proximidade que já teve em turnês.
Dando uma espiada nos seis caminhões com equipamento, nos nove ônibus, nas 47 pessoas que fazem parte da equipe, pode-se pensar que talvez eles tivessem conseguido o mesmo resultado com um churrasco no quintal.
Não foi Stipe, 35, quem disse, um ano depois da turnê de ``Green"', que ele levou mais de um ano para se sentir um ser humano outra vez? Mills, 36, passa a passos largos, sem falar. Berry, 36, reclama de cansaço e Buck sempre quis viver o que lia em biografias de pop stars. Agora, com dois filhos, ele pareceria mais um papai pego no pulo.
``Meu medo de repetir a experiência de turnês como a de `Green' acabou. Agora estou adorando esta turnê. A viagem aproxima muito. Mas estamos tomando todas as precauções necessárias para evitar o desgaste e a separação de novo", diz ele.
Sobre sua pretensão, para alguns quase insuportável, Stipe diz que não dá para pensar nisso o tempo todo. ``Chega uma hora que essa história de eu ser pretensioso fica ridícula. Não sei mais se sou pretensioso. Não tenho mais idéia."
Suas preferências sexuais talvez sejam uma das razões para tanto ti-ti-ti sobre sua vida.
Como defesa própria, mas ``não em uma atitude defensiva", Stipe diz que, pelo menos, é pretensioso com classe. ``Nunca apareci em grandes eventos agarrado a uma modelo famosa, para provar que gosto de mulher. Se faço sexo oral com homem, com mulher, ou se alterno as opções é problema meu. As pessoas podem imaginar o que quiserem a partir daí. Acho que umas pessoas já concluíram que sou bicha e pronto. Nunca me envergonhei de nada, nem neguei coisa alguma", discursa.
Para falar de R.E.M. não se pode deixar de perceber que R.E.M. ``is bigger than you... and you are not me..." (é maior que você e você não sou eu), trecho de ``Loosing my Religion", um dos maiores sucesso da banda.
Seu rock não é de macho, não é de confrontação, não é unanimidade. Os integrantes da banda não pedem para amá-los ou deixá-los. O que importa é que todo mundo gostou e ainda gosta deles.

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