São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995 |
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Chico lança disco sem músicas inéditas
LUIZ ANTÔNIO RYFF
``Não componho quando quero, componho quando preciso. Quero deixar claro que é um produto novo, não é uma compilação de antigos sucessos", avisa Chico. ``Uma Palavra" traz 15 músicas que o cantor e compositor classifica como ``lados B" dos seus discos -canções menos conhecidas. Há exceções, como ``Eu Te Amo", parceria de Chico com Tom Jobim, do disco ``Vida" (80), ou o samba ``Quem Te Viu Quem Te Vê", recentemente regravado por Gal Costa e Simone. ``Uma Palavra" mistura antigas canções redescobertas por Chico na turnê de ``Paratodos", em 94, e na anterior, que passou apenas pelo nordeste e Europa em 93. O repertório do disco inclui ``Estação Derradeira", ``Samba e Amor", ``Pelas Tabelas", ``Amor Barato", ``Ela Desatinou" e ``Vida", entre outras. Há algumas curiosidades. Chico canta pela primeira vez ``A Rosa" -gravada por Djavan. ``Ela É Dançarina" tem uma estrofe a mais, ``Quem Te Viu Quem Te Vê" tem uma a menos e ``Joana Francesa" ganha sua primeira versão em estúdio. ``Uma Palavra" substitui a idéia inicial de lançar um disco registrando a turnê ``Paratodos". No novo disco, Chico alterou harmonias, mas procurou não mudar as melodias -o que, afinal é o que importa para o público. ``Há canções que estão absolutamente refeitas em termos harmônicos. Tem um sabor semelhante de reencontro com a música depois de uma longa ausência", acredita o cantor. No disco, Chico é acompanhado por Chico Batera (percussão), Wilson das Neves (bateria), João Rebouças (piano), Jorge Helder (contrabaixo), Marcelo Bernardes (sopros), Luis Cláudio Ramos (violão) -que faz os arranjos. A escolha por trabalhar com poucos músicos resultou em um disco mais enxuto, com arranjos mais econômicos. É o caso de ``Valsa Brasileira", que dispensou a orquestra de cordas e o clarinete original no disco ``Chico Buarque". Aliás, o disco de 89 é recordista em canções cedidas para ``Uma Palavra". Além de ``Valsa Brasileira", e da faixa título, há ``Morro Dois Irmãos" e ``O Futebol". ``Entrevista" Chico preferiu não dar entrevistas. A gravadora distribuiu, para a imprensa, um CD contendo declarações de Chico sobre vários assuntos além do novo disco. Nele, Chico fala de sua opção por regravar as próprias músicas. ``Como não estava conseguindo fazer músicas novas, peguei as antigas de que já não me lembrava. É como se estivesse reformando uma casa através de uma fotografia". Ele explica a hegemonia de canções românticas. ``Sou melhor cantor de canções do que de sambas. Eu sou um romântico", disse. Falando sobre a perda de Tom Jobim, Chico revela que guarda composições do maestro que havia recebido para colocar letra. Afirma, no entanto, que pretende fazê-lo. No meio das declarações, Chico critica o governo de Fernando Henrique Cardoso. ``Estive 30 anos na oposição e continuo na oposição. Não me sinto representado por esse governo. Mas quero que aprovem todas as reformas para esse governo começar a governar. Mesmo não concordando com esse frenesi de privatizações, quero que privatizem tudo, para depois não dizerem que não governaram por causa da oposição", diz. No depoimento, ele fala pouco sobre o romance que está finalizando e que deve ser lançado em novembro: ``Não gosto de escrever, gosto de ler. Escrevo mais porque já enjoei de ler aquilo que li e reli". E ironiza quem o acusa de estar escrevendo o livro escondido. ``É difícil escrever um livro no Canecão (casa de show carioca)". Disco: Uma Palavra Artista: Chico Buarque Lançamento: BMG-Ariola Quanto: R$ 18 (o CD, em média) Texto Anterior: Uau, uau, uau, todo homem é animal Próximo Texto: Regravações assolam MPB Índice |
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