São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 1995
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Ser ou crescer, eis a questão

Ser ou crescer, eis a questão que já há alguns meses vem agitando as entranhas do PSDB, com cenas de divergências explícitas.
O crescimento tem dois riscos evidentes: o primeiro é enodoar o perfil de árbitro que engrandece o presidente da República, abrindo flancos para o arbítrio e o casuísmo típico dos interesses partidários e corporativos mais estreitos.
Isso quando as entranhas do próprio partido, como parece ocorrer com o PSDB, não entram em convulsão à medida que as partes divergem sobre qual deveria ser a destinação do todo.
Esse outro risco, talvez mais preocupante do ponto de vista dos eleitores do PSDB, é o de o crescimento virar, como ocorreu em outros partidos no passado recente, mero inchaço. A sina de ser o ``maior partido do Ocidente" é sempre sedutora, mas também pode desfigurar e burocratizar onde a promessa era de renovação.
Onde não há conteúdo ou quando o programa partidário perde credibilidade, prospera, não a política, mas o fisiologismo e o casuísmo. A prática parece demonstrar que os ``megapartidos", atolados na ilusão de poder eterno, tiveram afinal mais percalços e uma vida mais medíocre que a planejada.
Entre ser o que sempre foi e crescer por crescer, para governar mais, o ideal é que ocorra algum crescimento, para governar melhor. Tentar trilhar essa via nova é uma opção cheia de riscos e exigiria muito mais que a distribuição de cargos e a transfusão de quadros alheios.

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