São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 1995
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Sem reestruturação, BB vai à falência, prevê FHC

SILVANA DE FREITAS
ENVIADA ESPECIAL A ANÁPOLIS

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, na cidade goiana de Anápolis (a 120 quilômetros de Brasília), que o Banco do Brasil teve um déficit de R$ 1,6 bilhão no primeiro semestre e previu a falência do banco se não for concluído o programa de demissões de funcionários.
``Se não fizermos isso, daqui a pouco vamos para a falência", afirmou Fernando Henrique.
FHC disse que ``algumas agências já estão falidas", ao defender ontem o programa. Segundo ele, o enxugamento do quadro de pessoal foi proposto porque o banco está ``no vermelho".
FHC disse que o ``povão" é quem paga pelo inchaço do quadro do BB.
``Quem está pagando é povão", declarou. Ele também afirmou: ``Quem paga isso é o povo. Dizem que é o Tesouro. O Tesouro é uma abstração."
``Eu não tenho o direito de deixar que o povo pague porque o Banco do Brasil está inchado ou porque tem este déficit", disse FHC durante uma reunião de 50 minutos com líderes do PSDB de Goiás.
Fernando Henrique também defendeu a reforma administrativa da Caixa Econômica Federal. Disse a CEF está fazendo ``a mesma coisa" que o Banco do Brasil, mas não deixou claro aos tucanos de Goiás se quer demissões também naquela instituição.
FHC disse que o governo deve criar condições para facilitar o acesso ao mercado de trabalho dos funcionários que forem demitidos, ao afirmar que os que se desligarem do banco estatal terão de arranjar outro emprego.
O presidente já havia defendido o programa de demissões do Banco do Brasil na semana passada, durante uma cerimônia de lançamento de um programa de financiamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa).

Juros
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não pode reduzir as taxas de juros ``de uma vez" e responsabilizou a dependência de recursos externos pela manutenção da política de taxas elevadas.
``Não adianta dizer `baixa a taxa de juros'. Um governo que ainda pega dinheiro emprestado no Exterior para sobreviver não tem como baixar as taxas de juros de uma vez", disse.
A afirmação Fernando Henrique foi depois da reunião com 40 líderes do PSDB de Goiás, na Base Aérea de Anápolis, ao retornar de uma viagem à cidade de Goiás Velho.
Em Anápolis, o presidente trocou o Boeing 737 da Presidência por um helicóptero.
Após justificar a política de juros elevados, Fernando Henrique defendeu as reformas constitucionais.
Disse que elas são necessárias para ajustar a economia e reduzir as taxas de juros.

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