São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Velha guarda do blues brilha em pacote
LUIZ ANTÔNIO RYFF
No blues, antiguidade é posto. E os melhores discos do pacote são de Cotton, 60, e Perkins, 81. ``Mighty Long Time" traz Cotton, que se projetou acompanhando o lendário Muddy Waters e tocou com meio mundo, de Johnny Winter a Janis Joplin. Ele vem amparado por ótimos músicos, como os guitarristas Jimmie Vaughan (irmão de Stevie Ray Vaughan) e Matt ``Guitar" Murphy, e remanescentes da banda e Muddy Waters, Calvin Jones (baixo) e Willie Smith (bateria). No disco, predominam músicas dançantes, como ``Sugar Sweet", onde Cotton exibe seu talento de gaitista, e ``Straighten Up Baby", que privilegia sua voz roufenha. É o mesmo clima de ``Pinetop's Boogie Woogie", em que o pianista Pinetop Perkins se cerca da mesma base de músicos. Cotton, Murphy, Jones e Smith estão mais uma vez lá, junto com Kim Wilson (gaita), Duke Robbilard e Jimmie Rogers (guitarras. Perkins seleciona um repertório de primeira, privilegiando regravações de alguns clássicos. ``Caldonia" e ``High Heel Sneakers" vêm em versões primorosas. Ruivinha Durante vários anos Matt ``Guitar" Murphy ficou carregando a guitarra de outros astros do blues. Em 89 ele gravou seu primeiro disco solo, ``Way Down South", que só agora chega ao Brasil. O guitarrista fez carreira tocando com bluesmen do calibre de Howlin' Wolf e Memphis Slim. Mas é conhecido pela participação no filme ``The Blues Brothers". Murphy é um guitarrista bastante eclético, mas está longe de ser um virtuose. A acelerada ``Matt's Guitar Boogie" mostra as qualidades de Murphy em inspirados solos de guitarra entremeados por divertidos fraseados dos metais. Murphy mostra que sabe usar bem o slide na lenta ``Low Down and Dirty". O problema é que Murphy assina todas as composições -com exceção de uma. E algumas não são lá essas coisas. Mesmo assim, o resultado é bem melhor do que ``Big City Blues", o terceiro disco da guitarrista canadense Sue Foley. Uma ruivinha descorada empunhando uma guitarra fender telecaster cor-de-rosa não inspira muita confiança. Quem assistiu ao show dela no festival Nescafé & Blues, em maio, sabe muito bem o porquê. A bem da verdade, o álbum é melhor do que a versão ao vivo. O que não chega a ser grande coisa. A menina é bonitinha, tem uma voz de colegial e uma aparência mais plausível como líder de torcida do que como cantora de blues. A despeito de sua aparência inverossímil, o principal problema de Sue Foley é sua voz esfiapada. A maneira caipira de ela cantar chega a causar arrepios -como no refrão de ``Highway Bound". Texto Anterior: União derruba qualquer obstáculo Próximo Texto: Mayall e Cray tentam honrar as camisas em discos de blues Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |