São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chegada do `Win95' vira conversa de mesa

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA , DE NOVA YORK

Nos Estados Unidos, quando duas pessoas ficam sem assunto em uma conversa, normalmente passam a falar da previsão do tempo. Ainda bem que agora também podem discutir a chegada do ``Windows 95", novo sistema operacional (responsável pelo controle de comandos do computador). E olha que a Microsoft mal começou a gastar os US$ 100 milhões reservados à campanha de apresentação do produto.
Há alguns dias, estive em Richmond, um subúrbio de Seattle, no Estado de Washington, para gravar um programa de televisão na sede da Microsoft. Parece um campus universitário. O clima era do véspera de formatura em uma faculdade do interior. Bermudas, camisetas, sandálias, lata de DietCoke na mão, a moçada do Bill Gates batalhava para limpar de ``bugs" (defeitos) as 15 milhões de linhas de código do ``Win95".
Em um quadro gigante, o pessoal deixava escrito o que pretende fazer depois de varar noites e noites trabalhando no novo produto. ``Fazer sonoterapia", ``pensar no `Windows96"' e ``procurar um marido" estavam entre algumas das mensagens.
Enquanto o dia 24 de agosto não chega -data marcada para o lançamento do produto-, o mundo se divide entre aqueles que já usaram o ``Win95" e o restante. O relações-públicas da Microsoft conta que 400 mil felizardos receberam cópias preliminares com o compromisso de fazer comentários. Diz que é o produto mais testado na história da informática.
Fui apresentada ao dito cujo em um laboratório da empresa. Se você pretende encontrar aqui uma análise técnica do ``Windows95", vire a página. Quero saber é se minha mãe terá um dia a chance de usar um micro sem se enrolar com os códigos, os cliques do mouse, sem se perder no triângulo das Bermudas do ciberespaço o texto que passou horas escrevendo.
O ``Win95" parece ser mais um passo nessa direção, embora a turma do Mac diga que não vê motivo para tanta fanfarra. ``Quem tem Macintosh já viu esse filme faz muito tempo", afirma um amigo.
Deve estar com dor-de-cotovelo. O fato é que o programa elimina dores de cabeça comuns na vida de quem encara o computador. Torna mais fácil o uso de várias aplicações ao mesmo tempo, a instalação de acessórios, a conexão em rede e a busca de arquivos. Acaba com o limite de letras que você pode usar para guardar um arquivo. Dá para usar até ``constitucionalissimamente".
Desculpem se me deixo impressionar pelas aparências, mas quase caí da cadeira com os jogos que estão sendo desenvolvidos para o ``Win95". A explicação é que o sistema melhora a apresentação de gráficos e vídeo em geral. Não é por acaso que o pessoal da Nintendo anda preocupado. É que a turma da Microsoft prevê que o computador vai competir cada vez mais com a televisão pelo tempo livre das pessoas.
Os analistas dizem que a chegada do ``Win95" vai acelerar as vendas de todo o setor da informática. O uso pleno do sistema, avaliam, vai exigir mais memória, melhores monitores, novas placas de áudio e vídeo. Sem falar nas aplicações e nos CD-ROM que vão abarrotar o mercado na esteira da novidade.
Parece segura a previsão de que a Microsoft vai faturar pelo menos US$ 1 bilhão só com as vendas do ``Win95" no primeiro ano depois do lançamento. Se você é daqueles que gostam de novidade, guarde o nome ``Fury", ou Fúria, o videogame que a empresa lança antes do Natal para tirar proveito do novo sistema operacional. Quanto à minha mãe, meu conselho é que desde já comece a fazer economia.

Texto Anterior: Médicos ingleses estão preocupados com a Internet; Fusion Systems anuncia soft para gerir negócios; Kontron lança seu novo digitalizador; Modem da Stollman chega ao mercado
Próximo Texto: Usuário de micro prefere alta velocidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.