São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 1995 |
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"Vi gente pulando por janelas"
VINICIUS TORRES FREIRE
``Vi as pessoas pulando ensanguentadas pelas janelas. Outras se arrastavam pela porta do trem. Eu estava chegando à plataforma, estava mudando de trem, quando senti e ouvi a explosão", disse à Folha Didier Ouise, que escapou por pouco da explosão que matou quatro pessoas na tarde de ontem, no metrô de Paris. Ouise disse que a bomba explodiu logo depois que o trem partia da estação Saint-Michel. ``Depois da pressão (a onda de choque provocada pela explosão), eu e outras pessoas fomos à plataforma. Vi pessoas sem pés, sangrando muito, horrivelmente, muita gente queimada, muita fumaça branca e preta", contou. Às 20h de ontem, o norte-americano John Bennett ainda procurava sua filha e sua mulher, que iriam encontrá-lo na estação Saint-Michel na hora do atentado. Bennett, que é de Washington, está em Paris em viagem de trabalho, enviado pela Universidade de Michigan. Chegou a descer à plataforma depois da explosão. ``Vi cinco ou seis pessoas caídas, queimadas", disse Bennett na praça Saint-Michel. A administração da rede ferroviária francesa criou um número especial de telefone para informar as famílias das vítimas. Às 20h30, pessoas ainda chegavam à praça para obter informações de amigos e parentes. Eram na maioria norte-americanos. Um dos sobreviventes, em depoimento à rádio France-Info, disse que os vagões ao lado do que explodiu ficaram cheios de fumaça. ``Por um instante ninguém se mexeu", disse o sobrevivente. Em outro depoimento à mesma rádio, um sobrevivente falou do estado das vítimas logo depois da explosão. ``Vi três mulheres que estavam com as pernas trituradas. Elas `nadavam' no sangue, mas estavam incrivelmente calmas e acordadas." Outras estações Nas estações próximas a Saint-Michel os trens do metrô funcionavam normalmente e estavam com um grau de ocupação semelhante ao de outros dias. Os alto-falantes das estações anunciavam que ocorrera ``um grave acidente" em Saint-Michel e avisavam que os trens não parariam naquela estação. O fluxo no metrô ficou interrompido por 15 minutos na linha onde ocorreu o acidente. Depois os trens passaram a circular normalmente, pulando a estação. Governo O governo francês decretou ontem medidas de segurança e controle especiais em todas as saídas do país. Aeroportos, estradas e portos passaram a ter vigilância especial. O conselho antiterrorista do governo se reuniu na noite de ontem para estudar o suposto atentado. O presidente Jacques Chirac, o primeiro-ministro Alain Juppé e o prefeito de Paris, Jean Tibéri, visitaram o local da explosão. (VTF) Texto Anterior: OUTRAS EXPLOSÕES Índice |
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